segunda-feira, 28 de março de 2011

Conversas soltas

Poderia eu pegar-lhe no decorrer da noite, que talvez até as palavras me entranhassem mais a fundo, mas que faça eu, se amo a manhã? Ainda que esta, especificamente falando, de hora roubada à minha cama, nem me seja especialmente prazerosa, efeito que se atenua já na próxima, se decorrer na semelhança das outras idênticas. E talvez atiçada por uma noite curta, que uma hora, pode de facto ser muito tempo, em que o sono tarda e a espertina dá de si, deixo surgir a pergunta impossível, que tantas vezes já se me perguntou. Presunção exagerada, poderá ser, que o melhor que fazia, era deixar-me correr nos dias sem a pensar verdadeiramente, pela ausência de resposta onde sempre lhe chego. Precisa de nós para emergir, que fora da gente, enrijece e morre, deixa de ser, que lhe falta o sustento e o rumo. Entranha-se em alguns órgãos do nosso corpo, escolhidos criteriosamente, com especial predilecção para o que nos faz ser, o que bate pela vida, interessante concordância, que também ele, o sentimento, para isso nos desperta. Nem pede albergue, e que bem que assim nos sabe, que vai-se a ver, e já cá está dentro, numa mestria sabida por quem cá anda há muito tempo. Diria até, sem qualquer risco de incorrer em injuria, que se apodera do nosso corpo, como se ele a nós nos deixasse e a ele se entregasse, para seu proveito próprio e abusivo, tamanha fraqueza a nossa. Ele assim o usa que mais lhe faça perante a dádiva, e logo nos leva. Desde os olhos, à boca, aos passos, aos braços, a tudo de nós, direccionado a quem tanto deseja, como se as restantes forças que temos, fossem um resquício de nada.

Ironicamente, e a não tê-lo, batemos em falso e esperámo-lo outra vez. Mais ou menos aninhados, na ânsia de que nos apanhe. E concluo então, apenas e só a nossa estranheza, que muitas das vezes, não lhe aguentamos a presença, para também não lhe suportarmos a ausência.

No final de tudo, apercebi-me de que nem dei nome ao que falo. Disparate o meu, como iriam adivinhar, que trato o amor? A propósito, trato-o por tu, que gosto demais dele para lhe fazer qualquer tipo de cerimónia.

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