domingo, 5 de maio de 2013

filhos

Um dia nasceu-me um filho. Cresceu cá dentro e prosseguiu cá fora, mas como se continuasse em mim, no espaço do corpo. Falou, andou, disse mãe e disse não, ganhou forma enquanto pessoa, mas a verdade é que será sempre meu. Ninguém consegue idear um filho antes de ser mãe. Ninguém imagina a dicotomia entre a integridade e o desespero, que nos ganha forma no corpo no exacto momento em que os sentimos, antes disso até. A minha mãe dizia-me coisas que eu ainda não sabia e ela já. Soavam-me só, o que convenhamos, vale o que vale e não vale tudo. Palavras belas tem o dicionário aos molhos, mas o corpo, esse é que sabe. Nos olhos, nos gestos, nos sítios que ninguém vê e nos espaços livres, que nos separam as distâncias que nos ligam: para sempre. 

7 comentários:

  1. Costumo dizer que ser mãe é bem mais intenso e maravilhoso do que ser filha/O :) Belo post, Carla. Bjs

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    1. Será diferente Fátima. A preponderância do papel da mãe sobre um filho acontece quando este ainda não consegue valorizá-la. É uma ligação imprescindível e vital, numa altura em que o ser humano ainda não possui capacidade intelectual para compreender o processo. Do outro lado, da maternidade ou paternidade, tudo ocorre na plenitude da capacidade emocional e intelectual. Isso, aliado ao indescritível do processo instintivo, de amor e de cuidado, fazem o resto, que ninguém sabe explicar.

      Um beijinho. :)

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  2. Há uns tempos escrevi sobre esse incrível mistério que une um filho à mãe. Propositadamente não mencionei o pai. É igualmente importante, mas muito diferente...

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    1. É importante Paulo, claro, mas julgo ser de facto diferente. Falamos sem conhecimento suficiente, ambos só com um lado, mas julgo não estarmos enganados. A maternidade acarta um conjunto significativo de questões para a mulher. Desde a gravidez ao parto, passando por um conjunto de inerências. Vocês, e por próximos que estejam, são sempre um factor externo, e será por certo diferente.
      Ora, tínhamos de ter direito a alguma magia nesta vida, depois de nos fazerem mulheres... Acho que merecemos isso, olha. A sério que acho...

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