quinta-feira, 8 de abril de 2010

Pobre menina rica

Há expressões que soam a sempre, e que são isso mesmo, de sempre. Olho para ela, e encanta. Ar doce, tez branca, cabelo claro e de caracóis. As roupas denunciam fartura, embora sejam marcadamente de adolescente. Ainda assim, o ténis é de marca, a mala também. Os óculos, joviais mas de porte. Blusão de pele, com pelo na gola, tudo envolto em bom gosto, ainda que ingénuo, pelo que me parece. É inato este, coisa que eu acho fantástica. Nenhum se lhe assemelha. Por muito que se trabalhe, as questões de estilo verdadeiro são muito inatas. Pode-se aprender qualquer coisa ao longo da vida, defronte ao espelho. Mas quem o tem genuíno, denuncia-o a léguas.
Fala-me do colégio, das freiras, das rezas, da mãe e do pai. Do que faz, do que quer ser, e do que não quer. Do que gosta e do que não gosta, e ainda do que os outros gostavam que ela gostasse, coisa que poderá parecer de menor importância, mas que aos 15 não é. Abre-se com uma magia incrível, e deixa que lhe disserte a mente, com alguma da sua ajuda e orientação. Gostei dela, da sua simplicidade e da sua capacidade de encarar a realidade que se lhe apresenta. Querem-na num lado, ela quer ir para o outro. Querem-na séria e compenetrada, quando ela é simples e sorridente, ao que ela sorri, claro, e muito bem.
O poder de algumas pessoas, por necessário que seja, deveria ser limitado por alguma entidade suprema, quando não se sabe até onde ir. Quando se incursa em terrenos, que por muito que pareçam nossos, não são, ou são só até determinado ponto.
É o protótipo da pobre menina rica. Felizmente, tem essência, outra coisa inata, juntamente com tantas outras. Ainda bem, que neste mundo imperfeito, existem estas coisas muito nossas, e nada construídas. A teoria da tábua rasa, é isso mesmo, uma teoria. E eu gosto tanto que seja assim.

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