quarta-feira, 28 de agosto de 2019

ruído

O mundo está cheio de pessoas que buscam paz interior a custo relativamente reduzido. Há muito tempo que existem, deverá por certo constar de um cardápio socialmente bem conseguido, um guião de bem-fazer, almejado por quem ambiciona para todo o sempre, um lugar cativo no céu. Privar com os que necessitam de ajuda deve fazer parte dos requisitos de quem se encontra numa extrema direita, mas com emoções popularuchas, quem sabe, de extrema esquerda. E não se vão de modas, claro. Participam em peditórios do banco alimentar, que independentemente do destino, serve um propósito nobre. Reservam uns dias de férias para integrar projectos da igreja direccionados a população carenciada, de dinheiro e de afectos, entre outras iniciativas, que permitem em tempo definido e com fim à vista, apaziguar o corpo pecador, e dar ao espírito um síndrome de dever cumprido, obrigada e até para o ano. Não tenho certamente nada contra, permito-me a mim própria à simplicidade da observação. Do teatro dos que a estes préstimos se propõem, em nome da "solidariedade", quando comparados com o verdadeiro auxilio ao próximo, pelo próximo, e não por um lugarzinho no céu. São tão fáceis de distinguir entre os dois. Enquanto um é governado pelo medo, o outro é pela generosidade. Enquanto um se entrega à fraqueza, o outro entrega-se à nobreza. Enquanto um adensa a diferença, o outro apela à semelhança. Enquanto um caminha na direcção da solidão, o outro retrata a grandeza da evolução.

Enquanto um é barulhento, o outro é silencioso.

2 comentários:

  1. Concordo plenamente, CF. A solidariedade devia ser uma coisa privada, sobretudo por uma questão de respeito perante a fragilidade e a vulnerabilidade do outro, sejam elas de que ordem forem. A compassividade, que está na base do verdadeiro auxílio ao outro, não alinha com autopromoções e outras elevações afins. Pede, sim, que se encurte a distância em relação ao outro, que se acentue a semelhança.

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    1. Nada do que é realmente grande, necessita de ruído. O silêncio é reflexo de genuinidade e paz. O resto são holofotes. Obrigada pela visita, Paula.

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