sábado, 12 de dezembro de 2020

certezas

As certezas absolutas são mais privadas do que o nosso corpo, por isso acreditamos tanto nelas. O nosso corpo é partilhado pela vida, pelos outros, molda-se a um abraço, a um toque, a uma esquina cheia de gente ou a uma rua vazia, carregada de nada. As certezas não. Formam-se na mais interna existência, ganham consistência com os dias, com a verificação da verdade, com o cristalizar da guarda e com as crenças que se afiguram como o caminho preciso a seguir: é por ali. Curiosamente, traem-nos à velocidade da luz. Quando menos esperamos, quanto mais certos estamos, à custa de pouco ou de nada, eis que se anulam a elas próprias, fátuas como a neblina, como se nos quisessem fazer consciencializar que a volatilidade é a única certeza do mundo ( o que transforma a dúvida, na única e permanente verdade).

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