sábado, 6 de outubro de 2018

calor de Outubro

Quando chego a Outubro, necessito que as cores se vistam de Outono, as noites refresquem e os dias se tornem de gosto doce, a lembrar castanhas. Não aprecio o calor tardio e doente, não me acolhe o cansaço, não me oferece um colo fresco, não me aligeira as tardes que se estendem como se a noite não precisasse de um encontro. Quando assim é, sei que o ano não me cheirou a próspero. Por vezes, pairo perdida por entre as poeiras que me fazem travar os passos, cheiro-as devagar, tento espreitar por entre as névoas que me turvam os olhos, penso, repenso, e não descubro nada. Agosto fora, Setembro adentro. É necessário sentir os primeiros de Outubro, para que a clareza me inunde o espírito, e se faça luz no meu corpo: está quente, não cheira a fresco, não se renovam os ares nem se respira o nascer. Outubro é um mês bom, um dos meses da minha vida, onde alguns me nasceram, onde outros me morreram. Oxalá refresque rápido e chova, não há como o cheiro da terra para desenhar na água doce e fria, todos os caminhos do mundo. 

( Sou sempre demasiado tardia a ler os sinais da natureza. Uma doença, tal como o calor de Outubro)

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