Sempre achei um abuso as interpretações literárias que se fazem às obras dos grandes mestres, e que se entregam, de bandeja, como se o analista de cada livro ou poema soubesse exactamente o que o escritor ou poeta, quereria dizer. O mesmo se estende à pintura, à escultura, ou a qualquer outra obra de arte. Uma expressão emocional em estado puro, é impura. Revela a essência que por vezes nem o próprio consegue encontrar. Na exteriorização assume o exercício de pertencer também a quem a vê, de uma forma diferente em cada pessoa. Tudo quanto a resuma, reduz.
CF, a partir do momento em que uma obra de arte, qualquer que seja o tipo, é apresentada publicamente, está sujeita às interpretações que são feitas, o que considero um bem.
ResponderEliminarA interpretação não é a obra, nem tão pouco é o significado que o autor lhe atribui, se é que lhe deu algum.
Não creio que a interpretação dos outros reduzam a obra, mas sim que a enriqueçam porque algo que é mostrado aos outros pressupõe o retorno do olhar dos outros, nem que seja a passividade, o que também é uma "posição".
Por isso, não considero que tais análises sejam um abuso, mas sim um uso normal do que é trazido a público.
Boa noite, Isabel. Respeito o que diz. Mas quando encontro o meu filho a interpretar obras de literatura, sob os olhos tabelados de um sistema absoluto, não consigo deixar de pensar assim...
EliminarConcordo consigo, CF, e recordo as malditas aulas de teoria da literatura onde, em vez de analisar a literatura, mastigavamos os críticos literários, sempre colocados num pedestal pelos professores. Os autores passavam para segundo plano e as nossas opiniões/análises valiam zero.
EliminarUm abuso sim.
Flor, é exactamente o que eu penso... O autor é um mundo. Poderemos olhá-lo, admirá-lo, arriscar percebê-lo. Mas defini-lo em padrões absolutos, não me faz mesmo sentido algum.
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