terça-feira, 17 de setembro de 2013

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Ninguém pode viver as minhas dores. São minhas, nasceram-me dentro da alma, perdidas entre um músculo e um suspiro, uma dúvida e uma pertença, o medo e a calma. Trato-as portanto com carinho, abano-as no meu colo quente e segredo-lhes dizeres ao ouvido, embalo-as rente à noite e adormeço-as com o cuidado devido para que não sobressaltem inquietas, com os ventos soturnos de Outono. Hoje, por exemplo, dói-me o meu naco de mãe. Para além de outros, também. Poderia espantá-la, tentar distraí-la, contar-lhes uma história ou uma piadinha cuidada que a fizesse rir e esbracejar de contentamento, mas em vez disso prefiro dar-lhe esmerada atenção. Oiço-a com tempo e paciência, escuto-lhe as razões da existência, percebo-lhe os fundamentos e os anseios, espreito-a por dentro e por fora, arrumo-a em mim. 

(Também não aprecio nada quando as desdenham. São valiosas, valem sempre a pena, o tempo que lhes dedico ensina-me a saber curá-las cada vez melhor.) 

8 comentários:

  1. Passa, vais ver que passa... Claro que custa, mas há-de passar...C.

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  2. Não sei, mas acho que nos custa mais a nós que a eles, que ficamos a imaginar coisas...Se não passar há-de se resolver, afinal já dizia eu que sou muito boa a dar conselhos aos outros:P tudo se resolve... beijinho... C.

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  3. De facto ninguém as pode viver, mas compreender... give me five! :)

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    1. E sentir essa compreensão e partilha é tãããããooo bom... :)

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