sexta-feira, 15 de novembro de 2013

descobertas

Descobri há pouco tempo o porquê dos mortos serem santos, numa descoberta que nem sei porque tanto tardou. Houve tempos em que considerei a compaixão pelo desaparecimento com a eventual consciência da falta, muito embora, confesse, não me parecia suficiente. É um dado adquirido, todos sabemos, a morte santifica as gentes. E eis que por portas travessas percebi porquê, alvíssaras, necessitava mesmo de um decreto que me regulamentasse com sentido a beatificação dos detestáveis: os mortos são santos porque partiram para o desconhecido. Deixaram de se movimentar em terreno visível, passaram a ocupar a mística celeste, certamente ganharam poderes. A inimizade visível pode ser detestável, mas a invisível torna-se assustadora, logo, muito mais perigosa. E nós preferimos viver sem sustos, claro, nem que seja a idolatrar solenemente quem outrora desdenhávamos. Olarila.

(Bem vistas as coisas, não há assim tanto morto santo, há é muita gente amedrontada. No fundo eu sabia, eu sabia que o perdão é limitado, que o além assusta sempre, e que gente é sempre gente.)    

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