segunda-feira, 4 de novembro de 2013

ninguém disse que era fácil...

Convenhamos, o que é grande custa e dá trabalho. Dá trabalho crescer, caímos no chão diversas vezes porque a cabeça pesa demais e o corpo de menos, e nessa altura ainda nem sabemos o peso interno que ela vai ter um dia mais tarde (muito mais tarde, num tarde que tarda mas que quando chega veio depressa demais; e depois já não recuamos). Dá trabalho escolher os amigos que mais gostamos e penar pelos que queríamos sem que esses nos estejam ao alcance, não lhes apetece, não estão para aí virados, haverá gente rejeitada por nós exactamente com o mesmo tipo de sentimento (faz parte, ninguém avança sem rejeição). Custa estar na escola aos seis quando o corpo quer andar a correr no recreio mais pequeno do que o Deus nos acuda. Aos seis ninguém percebe o porquê das aulas serem muitas e a brincadeira ser muito pouca, só por falta de capacidades técnicas das criancinhas não se invertem as prioridades (há dias em que penso que nós, adultos, deveríamos permitir que se invertessem). Dá trabalho cumprir as regras da sociedade e da educação impelidas por pais, por avós, por professores e outros interveniente, que o que não falta é gente capacitada a moldar pequenos seres que crescem e que devem aprender o que é a vida ( a vida enquanto se cresce não é nada do que os adultos pensam, e ainda bem). Dá trabalho escolher a única profissão que se gosta e deixar para trás todas as que não se gosta, porque para isso é preciso considerar uma aptidão pouco mais do que imaginada e conceptualizada sem o rigor verdadeiro que rege cada uma delas ( quero ser médico porque curo gente, mas ainda ninguém morreu às minhas mãos, quando morrer não sei se ainda vou querer). Custa construir uma família e esperar pelo tempo certo para fazer tudo aquilo que já deveria ter sido feito, porque a nossa vontade na hora do amor é realizar o que o corpo permite sem olhar a critério, não vá o mundo acabar no próximo instante e deixar por conceber a pertinência da maior perfeição que veio ao mundo (e que às vezes passa, o que me leva a questionar a excelência ao limite das minhas forças). Dá trabalho e dói ser mãe, no corpo e na alma, porque a verdade é que esquecemos a prioridade do nosso Eu para construirmos uma outra paralela, muito mais pura, muito mais merecedora, muito mais plena, muito mais vida ( e quem quiser desmentir esta, por favor arranje um bom argumento). Dá trabalho ser mulher, perseguir os sonhos e os objectivos, cumprir connosco e com a sociedade, ao mesmo tempo que nos permitimos uma existência complacente com o nosso ego (agrilhoada ao nosso super ego, abanado pelo sem vergonha do nosso id ). Custa ser feliz. Para que isso aconteça não somos nós,  somos nós e mais alguém, que uma das impossibilidades do Homem é ser feliz sozinho. E para haver a comunhão há um outro conjunto de circunstâncias diversas e também elas trabalhosas, muito mais acres do que o ar fresco e solitário da noite, fazendo-me crer que os caminhos são o que temos sempre de atravessar para alcançar o que buscamos. Todos sabemos, claro, fracas palavras, pura trivialidade, meros desabafos. De resto, nunca ninguém me disse que a vida era fácil. Fui eu que julguei em tempos, ainda em ignorância, e honestamente não sei se queria dar total descrédito ao assunto. 

3 comentários:

  1. ninguém disse e nós até sabemos ... e talvez por isso lutemos tão determinada e afincadamente todos os dias. gosto de chegar aqui e ler cada post que escreve pois por detrás de cada palavra e de cada linha sinto que há alguém que sem me conhecer vive as mesmas dúvidas, tem os mesmos argumentos, os mesmos sonhos e desejos que eu. bom dia

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    1. Bom dia. Volte sempre, gosto de a ter por cá... :))

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