quinta-feira, 28 de agosto de 2014

em escuta

Hoje fui ao rio. Crianças geladas saltavam para a água enquanto as mães as olhavam com cuidado do lado de forma, ao mesmo tempo que os maridos jogavam cartas numa mesa de pedra. Um homem a meu lado afirma entre-dentes que ser mãe é diferente de ser pai, e eu fico surpresa com a assumpção. Inquiro, exijo uma explicação que me satisfaça a curiosidade beliscada por uma figura alta e corcunda, cinquentona e triste. A natureza não engana ninguém, disse-me, mas eu insisti numa melhor explicação. O homem adulterou o mundo ao ponto de hoje tudo estar fora de sítio, prosseguiu tranquilo. Domesticou os homens, profissionalizou as mulheres, colocou as crianças fora do colo cedo demais. Não credito no homem, mas acredito na natureza. São as fêmeas que gestam, que parem, que amamentam e que cuidam. É assim com todos os animais. O pai complementa, eventualmente substitui, em caso de necessidade, mas o verbo cuidar não nos pertence. Tal como não é nossa a dor suprema do parto, ou o dom final do amor. 

( Gosto de ouvir quem pensa alto. Independentemente de onde estiver a verdade, que não pretendo descobrir.)

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