quarta-feira, 6 de agosto de 2014

gosto do MEC, mas por vezes não sei onde morar (como é linda a puta da vida)

Descubro momentos felizes em todos os dias da minha existência. É linda, a vida é linda a toda a hora, quando acordamos de manhã, quando miramos a rua, quando levantamos o corpo na direcção do objectivo (se o houver). É linda quando cheiramos o verão quente, quando espreitamos o Inverno, quando devoramos chocolates e escutamos o amor da poesia (ou a poesia do amor, o que não é bem a mesma coisa). É linda quando queremos e quando escolhemos, quando caminhamos contra ao vento ou a favor, dependendo da circunstância e do barco que governamos (ou desgovernamos, depende, há horas em que um barco desgovernado é todo um programa onde eu quero estar). É linda nos momentos e é linda nas noites cheias, é linda nos ensinamentos e nas aprendizagens, é soberana na beleza da natureza que parece desenrolar-se, fluída, em sucessões prováveis que permitem para sempre a continuidade da humanidade (até quando haverá isso tudo?). É linda nas contrariedades. Aprecio quando me testa, quando me põe à prova, quando me coloca objectivos quase impossíveis, tarefas quase impensáveis, montes improváveis de escalar, e rios perigosos de atravessar (ao mesmo tempo que me segreda ao ouvido, em surdina, -anda, só mais um esforço). Nessas alturas, quando o mundo se une a favor ou contra, depende de nós, da nossa força de braços e da nossa forma de sermos, de intervirmos ou de deixarmos correr, de optarmos ou de deixarmos acontecer, enquanto nos deitamos, sossegados, num regaço (um regaço para mim será sempre um avental). Pior, é quando tudo se une em sentidos inverso. É quando a atmosfera não flui, é quando os desencontros se mostram em potência, é quando a realidade se assoma contra tudo e contra todos, é quando a razão nasce em cada qual, sem elos mais fortes ou elos mais fracos, sem frestas perigosas que façam ruir a verdade, sem vencedores e sem vencidos. É quando a inevitabilidade do mundo se instala, é quando o fado acontece, é quando a miragem se confunde com o deserto, que a vida não é tão linda quando eu gostaria que fosse. Gosto do MEC, gosto muito. Mas por vezes, tantas vezes, não sei bem onde morar (como é (linda a) puta (d)a vida).

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