terça-feira, 19 de abril de 2016

come chocolates, pequena; come chocolates!

Também eu às vezes não reconheço o momento. Agarro-me a um qualquer instante inflamado, respiro muitas vezes seguidas e sem parar, contorço-me a segurar palavras cá dentro da minha pessoa, a soltá-las e era ver abater quem passasse, quer fosse bicho, pessoa, coisa ou vegetal. Nessas alturas nunca me lembro de pensar na ira própria de particularidades tacanhas, pertenças do género feminino, aquele que se submete às mais diabólicas entidades: homem, hormonas, vaidade. Gostaria de encontrar um remédio para isto tudo, mezinha do antigamente, umas ervas, uns óleos, umas rezas, uma garrafa de azeite a alumiar a santa, uns terços e umas mãos que soubessem benzer e já estava, assunto arrumado, mal acabado, corpo abençoado, que daí em diante não haveria maleita que se entranhasse, TPM que se manifestasse, coração que se apaixonasse, vaidade que acordasse. Um sossego que só visto, apenas conhecido pelos homens, a faixa da população que não faz a mais pequena ideia do que é não saber se queremos dormir ou acordar, beijar ou bater, gritar ou sussurrar, correr ou parar. Só sabemos que queremos comer chocolates. Sempre, mais e mais chocolates.

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