terça-feira, 19 de agosto de 2014

não há mulheres feias, há mulheres tristes

Não há mulheres feias, há mulheres tristes. Não me cabem discursos fundamentalistas sobre o universo feminino, mas preocupa-me o exagero do conceito estético como uma necessidade fulminante, na qual qualquer mulher deve caber. Ser mulher é muito mais do que um corpo, é muito mais do que um sentido, é muito mais do que o objectivo, cego, da perfeição. Ser mulher é todo um conjunto indefinível de conteúdos, princípios, meandros e fins, para os quais o corpo é um meio, independentemente de tudo o resto. Não deixarei nunca de ser mulher à medida que as rugas se instalem, que o corpo se canse ou que o cabelo ceda, mas sou capaz de quebrar, se permitir que o mundo me governe em nome de um padrão. Deixar que a sociedade mate a beleza que todas reunimos, é uma fraqueza. Sorrir para a vida no corpo que temos, uma das nossas maiores forças. 

4 comentários:

  1. Há mulheres feias, sim, como há homens feios, como há pessoas feias (e porcas e más, também, como no filme, ainda que isso possa dever-se a um conjunto de factores, que agora não vêm ao caso).
    Concordo em absoluto quando diz que o que faz uma mulher feia ou bonita não é um corpo (que é apenas o que é mais imediatamente visível), mas um conjunto de factores, que incluem muitas outras coisas para além do aspecto exterior.
    E apesar de não haver nada mais patético que uma mulher querer parecer uma idade que não tem (ainda que a tirania do mito da eterna juventude esteja aí, implacável, por todo o lado) manter um ar sempre apresentável e cuidado é também uma questão de respeito, por nós, e pelos outros, a quem queremos sempre (mesmo não o admitindo) agradar. Por isso, não sou pela ocultação dos sinais visíveis da passagem do tempo (ou pela sua ilusão, pelo menos), mas também não faço o culto das rugas e dos cabelos brancos. É no meio termo que estará talvez o equilíbrio e a justa medida. Mas isto digo eu, claro...

    O mesmo para os homens: os mais bonitos e esculturais, quase sempre, não são de todo os mais interessantes. E, no reverso da medalha, há alguns "anjinhos barrocos" que podem ser um verdadeiro caminho de perdição - ahahah!

    No fundo, CF, acho que estamos de acordo...
    Beijinho

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    1. Não sei se estamos Isabel. O que aqui trato não é uma questão do culto das rugas ou dos cabelos brancos, mas do que é ser mulher na sua globalidade. De há uns anos a esta parte assistimos a uma subjugação forte da mulher aos ditames da perfeição. É contra isso que falo, pois considero que a beleza da mulher enquanto ser, mãe ou pessoa, vai muito além de um corpo... A beleza nem sempre está associada a pessoas de maior interesse? Pode estar ou não... Não são dependentes nem interligados, e podem estar associados ou não...

      Um beijinho Isabel.

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  2. Mais um excelente post, Carla, com o qual concordo na integra. Os ditames da perfeição física, no caminho para chegar a esse modelo, ditam muitas outras imperfeições (desequilíbrios) por arrasto...

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    1. Isso Fátima. E com essas, é bem mais difícil viver...

      Um beijinho e obrigada... :)

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