Comi uma galinha cozida que me caiu mal. Deu-me a volta nas goelas, desceu com relutância, passou pelo meu corpo e não deve ter achado piada ao que encontrou lá dentro, quis sair e eu tentei impedi-la. Engoli em seco, calquei-a com água morna, sentei-me e comecei a ficar zonza, mas a danada da bicha não estava fadada para aquilo, e acabei por ter de lhe fazer a vontade. Há remédios santos e mezinhas históricas que já não se encontram em actividade. Renderam-se aos tempos modernos, às indústrias farmacêuticas, ao capitalismo e à sociedade. Os chás de camomila já não dão sossego, as laranjas já não combatem a constipação, o leite, está mais do que sabido, já não previne a osteoporose, e a canja de galinha já não cura a gripe e a indigestão. Para além do chocolate, claro, o chocolate também já não cumpre em plenitude o que sabemos ser a sua função. Devo dizer que me assiste por tudo isto o direito à reclamação, uma pessoa precisada já não pode contar com o efeito profiláctico, terapêutico e milagroso da alimentação. Das duas uma, ou é tudo de estufa, sem boa maturação, ou os males estão mais fortes, sem cura ou recuperação.
os males estão mais fortes, sim. não tenho dúvidas disso...
ResponderEliminarNem eu, Laura. Nem eu...
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