quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Normalidades

Olha-me com uns olhos curiosos, e pergunta:
- Vê a casa dos segredos?
- Não, não vejo. Queres contar?
- Sim, vejo sempre e até sei os segredos. Um que dormiu com os pais até aos dezasseis, uma que foi raptada na Venezuela, uma que perdeu a virgindade aos doze anos, uma que foi vítima de trabalho infantil ... Tudo normal, nada de especial.

(Não sei o que me perturbou mais. Se os casos transformados em programa de televisão, se um miúdo de oito anos que faz daquilo as suas noites, se ele considerar isto tudo normal. 
Mas há mais coisas que me assustam actualmente, pelo que deverei eventualmente habituar-me ao estado. Devagarinho e também ele se torna normal, ainda que perturbador, o que me leva a concluir que de facto tudo pode assumir carácter de normalidade, tendo em conta unicamente a frequência. É também por isto que eu não simpatizo com o conceito, muito embora necessite de o utilizar como padrão de referência. Muda completamente subjugado a impulsos vários, aceitando sem limitações absurdos de diversas ordens.)

2 comentários:

  1. Assustador - se essa é a normalidade do que vê e do que assimila.

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  2. Assusta sim. Obviamente que, e no caso em questão, tem contornos específicos que fazem com que assim seja...

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