quarta-feira, 10 de setembro de 2014

rentrée

Faço retrospectivas vezes de mais, raramente no último dia do ano. Porque há muitos outros dias em que me apetece fazê-las, em que ameaço os erros e valorizo as virtudes, em que planeio mudanças e reitero a importância de perpetuar alguns dos meus hábitos de vida saudáveis. O inicio do ano lectivo, por exemplo, marca-me sempre, a mim, que não tenho directamente a ver com o ensino. Marca normalmente um final de férias e de um período de descanso, coisa que me acontece raras vezes no ano, dado que passo semanas sem conseguir pegar num livro que me conte uma história, dias inteiros com milhões de coisas na cabeça incapaz de voar, noites completas em que depois das prioridades o corpo já não quer as séries que me distraem do mundo, e eu confesso, preciso de me distrair do mundo. Ainda ontem vim de férias e a minha agenda afigura-se-me como a minha maior inimiga. Apetece-me apagá-la, mandá-la ao ar e esperar que ela morra, fingir-me a mim de morta e fazer as pessoas acreditarem que durante as ditas desapareci, engolida por uma escarpa ventosa, algures em sítio nenhum. Não gosto de regressos e de encontrar iguais as minhas dificuldades. Não aprecio o sentimento de impotência que me faz questionar a minha resiliência, a minha inteligência, a minha competência. Talvez seja por isso que por vezes me desacredito. Nestes dias, felizmente poucos dias, não há quem me faça mudar de sentir. Não há quem tente, ou no mínimo, não há quem consiga. Daqui a pouco tempo, de novo submersa no ritmo da loucura, sosseguem, estarei em mim outra vez. 

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