sexta-feira, 19 de outubro de 2012

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A noite estava fria. Passeio-me por entre a penumbra, cheiro as castanhas e atrevo-me a comê-las. Sujo as mãos de preto mas não me incomodo nada, continuo, enquanto guardo as casquinhas secas e estaladiças dentro da saqueta de papel pardo. Dou as duas últimas a uma mulher que me olha na rua, não foi nada, foram só duas castanhas. Bebo um café tardio que me compôs, minimamente, o conforto e continuo até ao fim. Depois, e já noite dentro, pensei que aquilo que sentimos mede-se em muitos tamanhos. Por vezes sinto-me maior e mais pequena ao mesmo tempo, exactamente no mesmo local do meu sentir. Os cafés do fim do dia, esses, são grandes que só visto.

(A limitação, da boa,  nunca conseguiremos lutar conta ela. Conseguíssemos nós limá-la, conseguíssemos nós a plenitude do que queremos, e chegaríamos à perfeição de sermos. Assim conseguimos apenas ser gente. Ser gente é o que temos ao alcance, e deveremos por isso ficar muito satisfeitos. Deveremos, mas nem sempre ficamos.)


6 comentários:

  1. Mas devíamos. Devíamos ficar satisfeitos com isso.

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  2. :) CNS, devíamos, sem dúvida. Mas ainda não estou lá...

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  3. Ser gente é glorioso, não apenas satisfatorio. Apenas não fomos ensinados para dar valor ao que é essencial. Mas isto vai, isto vai.

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  4. Carla, claro que é. E não será gloriosa, a vontade de sermos sempre maiores? ( No bom sentido, claro...)

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