domingo, 21 de outubro de 2012

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O pensamento, ainda que constituindo a nossa maior manifestação de identidade, pode limitar-nos a existência. Não a existência de sermos, seria uma total incongruência eu ousar dizer tal coisa, logo eu que o respeito ao limite do razoável e o considero o maior aliado da evolução, mas a existência do sentir. Os sentires serão eventualmente o local do corpo onde a nossa natureza nasce desembestada, própria, unicamente nossa e onde a ligação ao exterior experimenta o nosso eu. E vice versa. Por sua vez o pensamento, local onde internamente trabalhamos o mundo, não só interno, como também externo, assume-se sempre como um lugar viciado, cravejadinho de pestilências diversas, verdades de rua, contaminações. Daqui apetece-me concluir, de forma abusiva, eventualmente, que o desligamento efectivo do raciocínio aquando da sensação, talvez seja o caminho mais próximo para a genuinidade. E para a consequente vulnerabilidade. Felizmente que o nosso corpo consegue o apanágio de existirmos de diversas formas alternadamente, o que nos permite os mais diversos tipos de experienciação. Ao mesmo tempo que nos abre os caminhos do raciocínio, deixa-nos completamente em aberto a competência para a sensação. Nós só temos que o saber viver.

Aqui, podem ler uma extraordinária entrevista, onde se disse, entre outras coisas dignas de serem lidas, que as crianças estão demasiado próximas da infância para se aperceberem dela. Ou algo parecido com isto, que os grandes deixam-nos sempre em legado demasiadas coisas, feitas em pequenas frases, ao mesmo tempo que nos permitem que delas retiremos o que muito bem entendermos.) 

4 comentários:

  1. Pessoa sempre separou o pensar do existir - eu penso, logo não existo.

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  2. Sem dúvida - não só raciocínio nem só sensação. Razão e emoção misturadas, q.b. Há quem só viva de acordo com um desses pulsares - e são pessoas muito incompletas. As primeiras exibem demasiada frieza e as segundas demasiada irracionalidade. :) Boa semana, Carla **

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  3. Antígona, faz-me tanto sentido, encarando a nossa existência interna...

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  4. Fátima, necessitaremos de ambas, eventualmente. O equilíbrio, aquele sitio mágico, deve de ser o local exacto onde todos deveríamos de morar. Sabes como se vai para lá? :)

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