terça-feira, 30 de outubro de 2012

Rimas

Lembro por exemplo as lengalengas de infância que eu ouvia até à exaustão da boca da minha avó. Ou as histórias, sempre as mesmas, as minhas. Um conforto para o corpo, vá perceber-se. Representarão eventualmente uma precoce precisão de familiaridade, de interiorização, de embalo por continuidade, uma acomodação do corpo e do espírito ao que conhecemos e nos soa tão bem. Será isso? Será que, e extrapolando, nos fazem falta sucessões de rimas que se afiguram nossas, e que repetidas nos amenizam as ânsias da alma e do corpo, e nos transportam em permanência para o que sabemos, mas que necessitamos amiúde, de voltar a saber? E a sentir?

(por rima entendo o que na vida se encontra em harmonia comigo, inteira. é pessoal e intransmissível, o que faz com que seja sempre somente minha. porém no seguimento é possível, isto quando olhos olham para dentro de outros olhos, como que numa astúcia da magia, encontrar uma única onde cabem dois corpos. e haverá lá conquista maior do que esta?)

2 comentários:

  1. Como em alguns versos, há pessoas que se rimam ao primeiro e último olhar. Sei-o muito raramente, mas quando acontece - e acontece - não há métrica, nem sílaba, que caiba em tanta magia. E aí, incrédulos, interpelamos o céu: como é possível...? Outras vezes, sem jeito nem preceito, surge do inferno uma ladainha: não, não merecemos...

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    1. Nos olhos, sim, começa aí. Do céu? Do céu virão sempre as respostas boas... O inferno, esse, não passa de um desprezível intruso, a matar Paulo, a matar num golpe só. Um golpe de magia, parece-me perfeito...

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