segunda-feira, 1 de julho de 2013

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Bem sei, bem sei que o tempo é de calores, mas é sempre nesta época que me apetece a patanisca de bacalhau com muita salsa e arroz de tomate malandrinho. Também começo a querer as sardinhas fritas na véspera banhadas em molho de escabeche, qualquer uma das duas acompanhada por uma salada de pimento, uma sombra e um mar ao longe. Isto já vem do tempo em que a avó se levantava e ia à praça. Chegava com umas arrofadas macias e com um pão perfumado, com peixe e com o tomate da banca da velha do lenço preto que cortava couves em caldo verde verdinho. E ameixas secas? Ameixas secas comia-as eu em escadinha, intercaladas com figos frescos e doces, comprados numa outra banca de uma outra velha, numa mesma praça. Há coisas que só me apetecem algumas vezes no ano. São representativas, significantes, mais ou menos como as filhós que só consigo comer no natal, ainda que vivam todo o sempre. Papo-secos com manteiga também pertencem ao meu Verão, regados a café forte e salpicados com compota ou mel nos dias de maior vontade, ele há mais do que muitos, assim haja tempo, que gulodice e pressa não se costuram em parte alguma deste mundo. A esses levava-os comigo ano afora. Significariam acima de tudo vagar, varanda e vento ameno, que os vês também me têm préstimo ao dicionário, muito embora pareça que não. Perdoem-me estes devaneios, mas acompanham uma estratégia de aceitação muito própria, preciso dela para viver o verão mais ou menos tranquila, por entre os ares quentes e abafados, as noites sem sono e as janelas frescas, essas sim, uma nobre tentação.

5 comentários:

  1. Estão sim senhor. Sabes que cheguei a ensaiar com eles, e que já acompanhei o Tó Ribeiro, à capela, a cantar (imagina) o Sozinho, do Caetano Veloso :)

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