No caminho encontro sequelas apagadas do que já foi. Cartazes rasgados pela fúria do tempo ou outra fúria qualquer, enfeites que definham no fresco do outono, promessas feitas e mortas num Domingo, dia de descanso, à medida que as horas passavam e contavam votos que derrotavam ou elegiam a proposta criteriosa de quem prometeu a vida, porque dava jeito. Fez-me lembrar o grande Skinner e a motivação, uma teoria excessivamente descredibilizada, não obstante a verdade que acarta em cada palavrinha descritiva. Será eventualmente a prova mais do que provada do poder do condicionamento em detrimento da cognição e da emoção humana, deveríamos considerar a existência frequente dessa possibilidade. Quando se esperam resultados positivos muda-se a cor ao céu, a forma ao mundo, promete-se dar o que não se tem e matar-se de morte matada a necessidade, o desemprego, a indignidade e a exploração. Quando já não se espera nada volta tudo a ser gente outra vez, vencedores ou derrotados, e o sossego percebe-se nas esquinas dos prédios, nas caras das pessoas, na normalidade da realidade, no que não há nem vai haver.
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