segunda-feira, 10 de junho de 2013

três

Houve um tempo, quando eu comia pútegas nascidas no chão húmido da serra, em que as fotografias eram tiradas sem prova provada e reveladas em séries de doze, vinte e quatro ou trinta e seis, de onde saiam pérolas sem tamanho. As três da vida airada, eu ela e ela, cocó, ranheta e facada, uma coisa que só visto. Vários tamanhos, um mesmo apelido, uma loira e duas morenas, camisolas tricotadas a dedo com agulha comprida e atacadores a condizer. Hoje há locais perigosos que reúnem evidências medonhas, valha-nos Deus. Há primas poderosas que nem sei se sabem quanto. Várias. E vénias, claro. Um dia pelos Algarves, um carro de polícia abeira-se, éramos todas, no carro caberiam duas. Dançávamos ao som de uma rádio sui generis, quase tanto como as nossas indumentárias, muito menos do que os trajectos femininos vindos de dentro da alma. Seguiram, acharam por bem que ficássemos em merecido sossego, pessoas de bem. De tudo e de nada há documentos detalhados, atentem nisto. Zangassem-se as comadres e a clausura envergonhada seria o único fim, plausível a todas. É demasiado, senhoras, é realmente demasiado. Livrem-se, livrem-se. Livremo-nos, pois.

6 comentários:

  1. Há quanto, mas quanto tempo eu não ouvia falar em pútegas! Aliás, nesta altura pensava que só eu é que conhecia mesmo isso...

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    1. :) Pútegas nasciam na serra da minha terra, quando ela tinha água. Agora já nem sei se existem...

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    1. São uma espécie de cogumelos adocicados. E bons :)...

      ( Coisas de aldeia, capiche, menina da cidade??? :))

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  3. Olha, também não conhecia, e andei por esses lados. Conheço os míscaros :)

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  4. Míscaros também são óptimos... :))

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