Sou capaz de ter tolerância para a impertinência. Consigo aceitar a indiferença, perceber a distracção, compreender o esquecimento. Facilmente recolho paciência dos fundos do corpo. Arranco a gancho palavras improváveis, utilizo com parcimónia os recursos anímicos que falo abaixo, distribuo sorrisos pelos bons e pelos menos bons, pelos que sabem e pelos que não sabem, pelos que me conhecem e pelos que me olham todos os dias, como se fosse a primeira vez. Mas encolho-me, retraio-me e retorço-me, quando me cospem no prato que eu dou. Nessas alturas, quando o corpo aquece e a mente arrefece, distribuo sorrisos como quem dá salvas de prata. É caro o meu sorriso. Custa bem mais do que dois tostões, meias conversas ou lustros ao ego. Na retaguarda não há gravações esclarecedoras. Nem que me peçam, nem que me implorem.
Eu também sou assim. E acho que quem não é, não gosta de si próprio.
ResponderEliminarTambém acho Maria João...
EliminarBeijinho para si.