terça-feira, 14 de outubro de 2014

aqui e ali

É quase sempre cobardia. A culpa é toda dela e era ela que deveria vivê-la, espremê-la, cheirá-la e esgotá-la. À inveja, devo dizer. Os calados censuram as vozes que não têm, os ansiosos desdenham a calma que foge, os desalinhados desprezam a ordem que lhes falta e os acanhados acusam o audaz, que cobiçam até ao mais ínfimo poro de pele. Tal como os homens desejam a lábia do encantador, e as mulheres namoram em segredo os olhares roubados pelas sedutoras. Iria mais longe. É vontade que pinga muitas vezes das palavras que cortam o ar, em nome da congruência, da moral e do bom costume. É dor que regressa na volta, é tumulto que se firma, teimoso, diante daquele que arrisca galgar a normalidade. Aposto, juraria, que todos sabem do que falo: muitas vezes cobardia, para além de admiração.


Depois de saltá-la, já podemos regressar tranquilos. Já fomos e já viemos, já sentimos e já retomamos, há uma batalha travada e uma guerra vencida, daí em diante estamos mais serenos. Ou seja, a cobardia e a inveja nada mais são do que atiçadores de almas cautelosas. Um mal necessário, que peca somente um pouco aqui, um pouco ali.

2 comentários:

  1. Como compreendo e partilho (d)essa necessidade de descansar. Desde o ano passado que também penso em suspender o AE, frequentemente :) Um beijinho, Carla, gosto de ti.

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