domingo, 5 de outubro de 2014

outono

Enfada-me o calor do Outono, é a coisa pior que se segue ao do Verão. Baixa-me na cabeça com uma força capaz de me colocar em estado de dormência fora de horas (dormir à hora certa é que nada). Outro dia, a meio de uma tarde, dei por mim capaz de acordar somente umas horas depois. De me esticar debaixo da palmeira do jardim e desfalecer, juntamente com os lagartos, os gatos, os cães. É claro que me foi impossível. Ao fim da tarde, na hora do regresso, encontro-os a cumprir o meu sonho (vida de cão também é isto). Este Domingo fresco sabe-me portanto a nozes das verdadeiras. A isso e a qualquer coisa semelhante a conforto. Sim, obviamente que comida casa com Outono, como casa com Inverno, como quase casa com Verão. As mantas da família já cheiram a frescura acabada de lavar. As pantufas marinam na prateleira, as botas regressam à vida, as meias dizem-me que daqui a uns meses é Natal. Não tarda nada e chegam as castanhas, os figos secos, os bolos de passas e rum. Não tarda nada e o Inverno acaba outra vez. O tempo corre que nem o vejo, mas juro que tento. Outro dia, o do calor, enquanto espreitava o gato de pernas esticadas, quase vi um minuto a escapar-se no ar. Terminou antes de o ser, e já me chamavam de volta ao mundo real (era precisa ali ao lado, e a necessidade mata qualquer deslize inconsequente). 

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