domingo, 11 de novembro de 2012

A minha opinião.

Nem sempre me apetece focar assuntos polémicos. Mantenho-me normalmente à distância do que me parece ser razoável em medida de opinião, uma vez que estas são sempre pessoais. Mas existem assuntos que excedem o razoável. Já ouvi o discurso de Isabel Jonet de fio a pavio. Já li blogs, jornais, vi redes sociais, já falei e já ouvi. E parece-me, honestamente, que algum equivoco se instalou na situação. Primeiro, faz-me todo o sentido o que ela disse. Segundo, o que ela proclama em termos de gestão de recursos familiares já eu faço há muito, porque é assim que quero, acho, e tenho de fazer. Terceiro, ainda que ela se tivesse verdadeiramente excedido, o que volto a dizer, não considero, de forma nenhuma merecia ser alvo desta onda de indignações. Ser voluntária no Banco Alimentar, conhecer a realidade da pobreza do País, dar-se a esta causa nobre durante anos a fio é para poucos. Encontrar-se na liderança de uma causa que ajuda a pobreza, é para menos ainda, porque acarta repercussões diversas a vários níveis, por vezes difíceis de gerir. Como esta situação, por exemplo. Situação à qual ela nunca se sujeitaria se estivesse, como a maioria de nós, sentadinha no sofá a beber cházinho e a comer bolachinhas com pepitas de chocolate,  fartos de palavras vazias, enquanto na televisão, nas ruas e no País, outro alguém desse a alma e o corpo ao manifesto.  

6 comentários:

  1. Sem dúvida, Carla. Há inclusivamente pessoas que dizem não contribuir mais para o BA se ela se mantiver como responsável. Então a "caridade" que faziam deixou de ser necessária? Não merecem mais ajuda, quem realmente precisa, só por causa de leituras esquerda/direita e interpretações demasiado iradas do que ela disse? Também li, vi a intervenção e escrevi sobre isso. Acho essencial redifinirem-se as prioridades e a gestão dos recursos. Do governo e governantes e de todos nós. O discurso dela pode ter sido algo desordenado mas tem de se ler nas entrelinhas...

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  2. O discurso dela pareceu-me, e acima de tudo, genuíno. Lamentáveis são essas leituras indignadas. O resto, são palavras de uma Mulher, acompanhadas de gestos ao longo dos anos. Isso, isso sim, é de louvar. E difícil de fazer...

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  3. Partilho totalmente da sua opinião. Fico sensibilizada por essa mulher, que eu desconhecia até este episódio histérico e injusto, quando imagino aquilo que ela deve estar a sentir neste momento. Por, por causa de uns 30 segundos, o seu mundo ter ficado ao contrário, com milhares de portugueses patetas a injuriá-la e a exigir que ela se demita. Ela tem razão. E é lamentável que a comunicação social faça questão de aparecer com cabeçalhos a dizer "Isabel Jonet diz que não podemos comer bifes todos os dias", quando nem sequer foi exatamente isso que ela disse. A comunicação social virou cor-de-rosa, mais vale ler a Maria, sempre dá para a gente se rir. É por estas coisas que cada vez mais me afasto das multidões, do povo, dos rebanhos indignados pelas razões erradas.
    Louvo-lhe a sensibilidade de ser a primeira que leio que se consegue pôr num lugar neutro e justo. É sempre um prazer passar por aqui.

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  4. Carla, a comunicação social de facto não ajuda, piora. Sente o cheiro da multidão, perde a isenção e avança, em prol das audiências. Ela não disse isso, não senhor. Disse coisas que têm de ser ditas, de forma simples e conhecedora da realidade.
    Não são muitas, mas procure, há mais opiniões idênticas à minha. Não são a maioria, mas há. E obrigada pela simpatia. É sempre bem vinda :)

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  5. Li há bocado a opinião de que, no essencial, as declarações da presidente do Banco Alimentar eram uma crítica ao capitalismo. E eu até concordo. Por isso mesmo, não se entende facilmente a histeria da nossa esquerda e a campanha que montaram apressadamente, que arrebanhou tantos seguidores, muitos certamente, acéfalos. Se eu fosse militante desses partidos, sentir-me-ia envergonhado.

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    1. As declarações são, essencialmente, ponderadas e conhecedoras. Deveriam todos os "histéricos" tê-las em conta, e eventualmente, já pecam por fazê-lo tardiamente. Mas a indignação, caro anónimo, é das coisas mais fáceis desta vida.

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