segunda-feira, 19 de novembro de 2012

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Os dias servem-me o nobre propósito de te encontrar numa estrada que cruza a árvore dos figos com o rio que nasce gelado, nas montanhas íngremes da serra verde. Por ora as fendas parecem largar cá para fora o ímpeto intimo da terra, jorros de líquido ensandecido que se recolhe por fim em sossego, no leito estreito e tortuoso que corre por entre os vales das terras esquecidas, as pontes de pedra tosca, as casas vivas só no antigamente. Não sei muito bem se as prefiro no Inverno ou se no verão. No verão encontram-se consteladas de flores, de vacas que comem pasto, de memórias de bicicletas de pedais e cestos de merendas com doces e pão. No Inverno tudo fica diferente, ainda que num mesmo lugar. As flores dão lugar ao infinito da água embaciada, no restaurante da encosta escorrem fios húmidos com cheiro a molhado, as pontes morrem sob a fúria que explode ao lado. Os caminhos? Esses hibernam e guardam-se do tempo, até que alguém destemido os descubra e os acorde outra vez.

8 comentários:

  1. Sorrisos, surpresa. Se puder, espreite a nascente com os seus olhos. Alviela, no Ribatejo. :)

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  2. Deve ser muito interessante revisitar o passado de alguém. Faz mais sentido assim: primeiro as palavras, depois os corpos e por fim o Mundo.

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    1. Sim sim, faz sentido dessa forma. Se bem que todas elas se podem ir redescobrindo, não te parece?

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  3. Não, não me parece. Mas podemos voltar a trás, se te parecer...

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    1. Ora, Paulo, como não te parece? Ainda que a ordem seja essa, iremos agindo em alternância. Logo, iremos voltar atrás, claro...

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  4. Respostas
    1. Antígona, sorrisos. (A foto é da santa terrinha. Ou melhor, quase. Poucos quilómetro ao lado...)

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