domingo, 10 de março de 2013

mais um, menos um

Doentes mentais a abandonar tratamentos por falta de dinheiro, chegaríamos cá, claro. Há os que ainda têm família de suporte, e há os que a não têm, ficando estes últimos entregues a um trevo sem quatro folhas de sorte. Tenho tolerância para sacrifícios, mas não para os que atingem classes desfavorecidas. A doença mental é uma delas. É-me próxima, mas mesmo que não fosse. Um esquizofrénico, um psicótico, não vivem sem fármacos, no nosso mundo. Mesmo com auxilio, vivem lá dentro, no deles, muito mais do que cá fora, no nosso. Sem ela, perdem-se, e sei lá eu se se encontram outra vez. Experimentem, quem regulamenta o que permite esta lacuna, um labirinto escuro e sem fim à vista, onde personagens estranhas chegam, capazes de matar. Não há fuga possível, só perseguição. Há figuras estranhas que guiam em grandezas inexistentes, que fragilizam, com mãos de falso amparo. Convenhamos, não deve de ser bom, mas são loucos, e os loucos, sempre foram loucos. Ninguém os ouve, ninguém os crê. Deixai-os falar, pois. De gente transviada, está o País farto. 

(Mais um, menos um.)

2 comentários:

  1. Excelente post. Cruel e inaceitável, esta constatação. Mas isto é muito mais transversal do que parece - há, entre nós, muitos que se inibem de certas consultas de especialidades variadas por causa disso mesmo. Triste, não é?
    Boa semana

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    Respostas
    1. É triste, claro. A particularidade da saúde mental, é a carga de sofrimento escondido que acarta. Mas é uma problemática generalizada, claro, que ainda não sabemos onde vai culminar...

      Boa semana Fátima. Beijinhos

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