O dia de hoje vai inevitavelmente acentuar um sentir de revolta entre escola, família, alunos e professores. A educação, sendo um direito e um dever, faz parte integrante de uma evolução progressiva individual e social que a páginas tantas anda num ver se te avias e o resto logo se vê, seguem-se as férias grandes, tudo se há-de compor. Resta-nos porém a inexistência de linearidade, podendo as consequências destas questões estenderem-se em atitudes e acções futuras, em diversas frentes. Em lugar de uma suficiente coesão, assiste-se hoje a uma divisão de classes que considero dramática a curto, médio, eventualmente a longo prazo. O sistema deveria permitir uma convergência de interesses mínimos francamente garantidos, de negociações coerentes, pensadas e repensadas, e não um conjunto de medidas e de consequentes protestos que mais não fazem do que colocar populações em lados opostos da barricada. Faz-se tudo o que não se deve fazer, e no dia de hoje temos professores de um lado e alunos e famílias do outro, num tempo que pode estender-se além férias e manifestar-se em acções diversas no âmbito escolar futuro. Não me centro na análise das razões, mais do que debatido, centro-me nos efeitos colaterais que parecem ficar esquecidos a quem cegamente luta seja em que frente for, mas que não deixam por isso de ser importantes, demasiado importantes. Já não encaro de forma alguma a utopia ambicionada por João dos Santos, que enaltecia a importância do ambiente natural e harmonioso onde a educação deveria acontecer. Parece-me impossível com o sistema vigente. Mas ainda assim considero que enquanto membros da sociedade, todos deveríamos ter um papel activo e consciente dos efeitos adversos que podem decorrer de uma situação de quase guerra. Se tal não acontecer, se a isso não nos propusermos, é deixar instalar o caos ainda mais um bocadinho e lidar com a incerteza do que pode vir depois. Se em vez disso todos nos colocarmos no nosso devido lugar e deitarmos mãos à consciência, julgo que facilmente percebemos que deveremos assumir um papel participante, que na realidade é o que todos temos, a bem da tranquilidade suficiente: de um lado o professor que tem de ser professor e não pode nunca deixar de sê-lo, o melhor que conseguir, centrado no aluno; do outro o aluno, respeitando o professor e encarando a sua possível situação de fragilidade profissional; do outro ainda os pais, e estes eventualmente com um papel maior, fazendo um contrabalanço sensato e acalmando ânimos exaltados por ansiedades, em épocas de exames. Ainda que a revolta exista, faz parte de sermos pais sabermos controlá-la. Virar alunos contra escolas e professores não é um caminho, nunca pode ser um caminho, e é importantíssimo que todos tenhamos consciência disso. Não havendo outra forma de travar esta escalada, e dada a incapacidade do sistema para fazê-lo, somos sem sombra de dúvida a entidade com maior preponderância no apaziguamento da situação. Para o bem de todos nós, incluindo escola, incluindo alunos, incluindo professores.
(E já agora uma palmadinha muito especial nas costas da comunicação social. Continuam uns excelentes comparsas da confusão.)
(E já agora uma palmadinha muito especial nas costas da comunicação social. Continuam uns excelentes comparsas da confusão.)
Ainda que a revolta exista, faz parte de sermos pais sabermos controlá-la. Virar alunos contra escolas e professores não é um caminho, nunca pode ser um caminho, e é importantíssimo que todos tenhamos consciência disso. - Subscrevo e sou mãe e professora. Quanto à nossa luta, haveria muito para dizer, mas francamente, e com toda a humildade ando sem tempo, nem sequer no AE tenho escrito (bom, hoje não resisti, mas foi pouquinho). :)
ResponderEliminarImagino que nesta altura o tempo seja pouco Fátima. Calma, as férias andam aí... Um beijinho
EliminarCalma? :)Porquê? Férias? As tuas, certamente, as minhas são em agosto, amiga. Outro. *
EliminarPorquê calma? Porque precisamos sempre dela Fátima...:) As minhas são também lá perto, olha. Mas o verão, sabes, parece que me cheira sempre a elas...
EliminarSer Professor pode não ser uma missão, mas uma profissão não faz de ninguém um Professor (como ser Pai não é só ter filhos; ser Aluno não é só aprender ou ser Pessoa tentar ser feliz de qualquer forma...). Em tudo, pede-se responsabilidade e competência, qualquer que seja o papel.
ResponderEliminarClaro Paulo. Enalteço o do pais porque me parece que somos de um papel fundamental quando os outros intervenientes, por qualquer motivo, estão debilitados... Neste caso, acho que somos eventualmente o único apaziguador da situação. Temo que muitos assuma o papel contrário ao que devem assumir. Assisto, acredita...
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