Os exames do primeiro ciclo do ensino básico são já na próxima semana. Neles miúdos de dez anos têm de prestar provas de tamanho considerável, em alguns casos extra escola de frequência, sob vigilância de desconhecidos e em situação de rigor considerável. Não me venho pronunciar propriamente contra ou a favor, venho apenas considerar a pertinência dos mesmos. Os objectivos são por certo aferir resultados a nível nacional, com vista a uma padronização de objectivos e competências nos mais diversos domínios. Fazem-me lembrar os antigos exames da quarta classe que assustavam quem sabia trautear rios e províncias, linhas de comboio e serras, oceanos e capitais. Hoje o ministério concentra energias redobradas em organizações que vêm atestar um ciclo de ensino básico dado por professores de competência, numa seriação de números de um a cinco, auferidos numa manhã que pode ser clara ou escura, depende, também de um conjunto de circunstâncias, demasiadas, para cabeças pequeninas. Muitas gerem ainda a ânsia parental, coisa que convenhamos, não deveria ser para aqui chamada. Gerem também a ânsia do colega do lado e a ânsia do melhor amigo, para além da própria, claro, quanto mais não seja a inerente ao desempenho na situação concreta, também de logística considerável. O intervalo serve para o lanche, o telemóvel se o houver fica na caixa destinada ao efeito, se existir uma bexiga chata, deverá haver acompanhamento ao WC, o relógio não pode apitar e a caneta tem de ser preta. O cabeçalho deverá ser preenchido devidamente e com auxílio do cartão de cidadão, em mais sítio nenhum da prova deverá haver identificação. As folhas de rascunho, muito embora específicas, não são consideradas para cotação, não convém portanto esquecer a transposição de toda e qualquer informação importante. Se houver enganos há um risco por cima, nada de correctores.
Tudo isto consegue parecer-me normal e exagerado, exactamente ao mesmo tempo. Normal se tivermos em conta a verdadeira atitude que deve acompanhar as provas, generalizada a todos os intervenientes, ou seja, uma concertação de notas, nada mais do que isso, onde os alunos mostram tranquilamente o que aprenderam. Exagerado porque esta realidade não é abrangente e as condicionantes são mais do que muitas, o que transforma a prestação de provas numa pressão desnecessária e excessiva para algumas crianças, que terminam uma escolaridade minimamente protegida e tranquila. Mas mesmo encarando a possível atitude de normalidade nos exames por parte de todos os envolvidos, assumo, continuo a questionar a pertinência de reavaliar crianças pequenas já avaliadas num ciclo básico, onde as capacidades e competências são postas à prova diariamente e em diversos domínios, de forma natural, e onde o ingresso ao nível seguinte é obrigatório, necessário e evolutivo.
Tudo isto consegue parecer-me normal e exagerado, exactamente ao mesmo tempo. Normal se tivermos em conta a verdadeira atitude que deve acompanhar as provas, generalizada a todos os intervenientes, ou seja, uma concertação de notas, nada mais do que isso, onde os alunos mostram tranquilamente o que aprenderam. Exagerado porque esta realidade não é abrangente e as condicionantes são mais do que muitas, o que transforma a prestação de provas numa pressão desnecessária e excessiva para algumas crianças, que terminam uma escolaridade minimamente protegida e tranquila. Mas mesmo encarando a possível atitude de normalidade nos exames por parte de todos os envolvidos, assumo, continuo a questionar a pertinência de reavaliar crianças pequenas já avaliadas num ciclo básico, onde as capacidades e competências são postas à prova diariamente e em diversos domínios, de forma natural, e onde o ingresso ao nível seguinte é obrigatório, necessário e evolutivo.



