sexta-feira, 12 de agosto de 2011

A bailarina

O sonho era que ela fosse bailarina. De vestes coladas num corpo magro, enquanto as piruetas ao som dos violinos lhe saiam do corpo, tal e qual como se fosse sacudida por eles. Nos bancos cheios de gente que a olhavam, iria ser admirada, por olhos que gostam da arte e do belo, sendo que no fim de cada actuação, uma onda de aplausos sentidos iria surgir da plateia encantada, enquanto ela agradecia, em vénia, imersa em gratidão. Desde cedo que o ballet figurou nas suas actividades extra curriculares, treinando horas a fio, envergando um maiot cor de rosa, e uns sapatinhos de ponta quadrada, que lhe permitiam aos pés o equilibro, por ela tão bem conseguido. Fosse-lhe possível o de dentro, tal e qual conseguia o de fora, e não teria culminado assim, amargurada. O sonho, o das vestes delicadas, o das danças melodiosas, vai-se a ver e nem era dela. Não entendo, gostaria. Aqui como em tanto, encontro gente que sonha a rogo, como se tal coisa fosse sensata, e como se os sonhos, ao menos esses, não pudessem ser de nós para nós mesmos. Não fui eu, mas serás tu. Uma das mais puras manifestações de egoísmo humano.

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