domingo, 21 de agosto de 2011

Quem manda sou eu

Nunca percebi muito bem a necessidade inerente aos géneros, de tecer considerações sobre o oposto, habitualmente denegrido, com uma insurgência forte e desconcertante. Calculo que deva ser mais ou menos sob o mesmo pressuposto da crítica ao Pais vizinho, ao clube oposto, ou qualquer uma outra diferença encontrada entre espécies, embora esta, a dos géneros, se assuma com uma intensidade superior, subjugada quiçá à ausência da possibilidade de troca, apenas possível em meandros sérios, nada frequentes. Dos diálogos proferidos ora por um, ora por outro, encontro amiúde laivos de vaidade completamente despropositados, vindos em forma de bitaite, não raras vezes duvidoso, ou não fora proferido pela boca de quem deseja enaltecer-se, perante o outro género, que pode ser, dependendo de quem profere, chato, machista, feminista, mulherengo, controladora, mesquinha, dependente, enfim, uma panóplia de adjectivos normalmente pouco abonatórios, proferidos de forma certeira e direccionada ao alvo, que constitui o sexo oposto. Ora e se em tempos idos eu ainda consigo considerar diferenças sérias, que ainda assim surgiam subjugadas a educações vetadas e totalmente específicas, direccionadas de formas totalmente opostas, hoje, e pelo menos quando as encontro em abordagens exageradas, e não apenas centradas nas diferenças óbvias, que sempre existiram e sempre existirão, ganho um sentimento estranho de que algo funciona mal. Retirando obviamente Países de culturas extremistas, e centrando o que digo nas sociedades ocidentais, parece-me perder sentido as abordagens ao macho latino, coisa que honestamente, já nem sei bem do que trata. Um macho, é um homem, ponto. Uma fêmea, é uma mulher. Essa história antiga e ultrapassada que por vezes parece renascer, e que algumas mulheres veneram, sob algum desígnio sexual de submissão, transcende-me verdadeiramente. Até porque, e não carecendo de tecer considerações mais profundas, as submissões e supremacias são de carácter variável, e não necessitam de um marmanjo entroncado de palito ao canto da boca. Eu pelo menos, e a encontra-lo, por certo fugiria, que me traduz um carácter frágil, fraco e dependente, completamente oposto ao que tenta transmitir. Esquecer estas diferenças empedernidas pelo tempo, que deveríamos amaciar ao invés de enaltecer, será talvez o melhor caminho para acabar com elas. E não, não está totalmente erradicado nas gerações mais novas. Está atenuado, talvez, mas ainda assim vigente, podendo emergir de forma subtil, quase escondida. Muitas vezes, quem manda ainda é ele. E quem obedece ainda é ela. Deixando de lado a tão falada igualdade, com o devido respeito pela individualidade.

5 comentários:

  1. Assim de repente ocorrem-me duas possíveis explicações: i) o homem, em média, aufere um ordenado médio significamente maior do que a mulher, logo tomando a máxima de quem paga é quem manda... ii) saímos há pouco mais de uma geração de um sistema político em que a mulher tinha de ser a fada do lar, garantindo que com a sua boa gerência proporcionava o maior prazer possível ao seu marido, ou seja à mulher "dava-se" o lar e ao homem a mulher e... o lar como património. Não colhe...? Arranjo mais!

    (Olhe, parabéns pelo seu blogue que desconhecia por completo)

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  2. Caro Paulo Lima, muito obrigado. Colho, claro, mas contraponho qualquer coisa, como deve calcular. O homem aufere muitas vezes um ordenado superior em funções similares. É uma facto. Mas não devia ser, que nós mulheres somos igualmente competentes. Quanto à segunda razão exposta, fico mais limitada. É uma questão social de facto, demasiado enraizada e difícil de combater, até porque, ainda hoje a educação peca nesse sentido. Julgo que aí, nós mulheres temos um papel preponderante, e muitas vezes nem estamos verdadeiramente conscientes disso. O crescimento faz-se de muitas pequenas coisas. E se há quem já siga um caminho coerente, há também muitos que ainda não...

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  3. Já penso assim, se vida a dois é partilha, juntam-se as contas e as paga. Ponto. Não dá pra pesar o quanto vale a educação de um filho 9a mãe que ainda se dedica apenas a casa). Partilha é igualdade, se o dinheiro mandar em casa entre o casal, se perdeu o valor do dividir e compartilhar.
    Quanto a sociedade, finda-se em hipocresia, a maioria em percentual/estudo, dá ganho as mulheres e nem assim elas ganham o mesmo salário. Porque? Desigualdade de gênero, não de competência.

    Muito boa sua matéria, mexe em muitas situações das quais passam verdadeiramente pelo respeito do indivíduo.

    com carinho,

    Cozinha dos Vurdóns

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  4. E aplaudo de pé. Se há coisa irritante é coitadinhos a darem-se ares de grandes e poderosos senhores. São eles que deitam por terra toda a consideração que eu possa vir a ter pelo sexo oposto.
    Já agora, um macho é um homem, mas com h pequeno :):)

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  5. :) Aquela coisa do homem com H, foi engano :):)

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