quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Revistas cor de rosa

Era manhã. Nas cadeiras, gotas de imensa maresia deixam-na tentada, que o calor da noite fez-se sentir, acalmado com chás gelados, leques de madeira e quadrados de chocolate frio. Na lojinha compra uma revista cor de rosa. Primeiro, nem bem se percebe, que nunca na vida as pega, por não lhe despertarem qualquer tipo de interesse. O A que casa com B a gostar de D, o C que namora com M, mas que nos feriados se entretém com L, tudo histórias demasiado reais para lhe suscitarem atenção, pelo que prefere um outro tipo de leitura, intercalado entre o real com interesse, e o fantasia mesmo à séria. Pára um pouco para entrar em si, e compreender o que a motiva para tal situação, mas nem encontra nada que o justifique. Senta-se, e folheia a dita, minada de caras conhecidas que sorriem, com vestidos de flores esvoaçantes, a deixarem antever corpos bronzeados e torneados. Tudo lá dentro parece perfeito, emanando uma felicidade demasiada e estranha. Como se fosse mesmo verdadeira. Os discursos, proferidos de forma convicta e clara, deixam transparecer vidas cheias de tanto, pelo que nem ousamos sequer duvida-las. De repente, numa página, estanca, quase embriagada com a imagem, constituída por duas figuras que se beijam languidamente, enquanto ao lado se pode ler uma declaração de amor, muito ridícula, com palavras daquelas que se dizem ao ouvido do outro, para mais ninguém ouvir. Conseguiu de imediato perceber, o porquê de nunca se dedicar aquelas compras, embora não tenha percebido o que a impulsionou a adquirir aquela. Uma pena, um gastar desnecessário nos dias que correm. Folhas de papel colorido, onde gente ousa expor o que de mais precioso tem, ou julga ter, deveriam ser banidas da sociedade. Tal qual como deveriam ser banidos alguns blogs. Há coisas, que não interessam a ninguém. Ou não deveriam interessar, pode também ser isso.

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