sábado, 19 de novembro de 2011

Culturas, equilibrios e outras considerações...

A ignorância dos universitários preocupa-me tanto quanto outras ignorâncias que lhes conheço. Claro que se pode considerar grave, em termos de cultura geral, dizer que o Evangelho segundo Jesus Cristo foi escrito por um qualquer membro da igreja católica, ou que New York é a capital dos Estados Unidos da América. Como são graves outras ignorâncias, de carácter diverso, que vou encontrando nos jovens dos nossos dias, e que centram outros domínios, não só culturais. O cerne da questão, parece-me a mim estar nos interesses que os assolam, inseridos dentro de um campo vasto, mas antagónicamente, muito limitado, e que centra a imagem, as relações, a aceitação social. Nesse caminho, encontramos hoje nos nossos adolescentes, mestres em facebook, com muitos amigos virtuais e poucos reais, conhecedoras profundas da moda, que se preocupam muito com o que vestem e com o que dão a parecer, mas que não conhecem, por exemplo, os riscos de uma anorexia que tantas vezes a mesma impulsiona, doutorados em telemóveis, em computadores, e em hi phones, que não fazem a mais pequena ideia de que quanto custaram aos pais, e de se os mesmos se esforçaram muito ou pouco para os adquirir. A cultura geral dos nossos universitários reflecte um caminho muito mais preocupante e abrangente, do que o simples facto de não saberem responder a umas perguntas básicas, para quem vive nos dias de hoje, atento e de olhos abertos. Reflecte o conceito fácil de uma geração frágil, habituada ao bom e ao rápido, pouco ambiciosa, porque consegue tudo de forma muito fácil. Já não se joga à bola na rua, joga-se nas consolas, já não se anda a pé para ir a casa do amigo, fala-se na net, já não se escreve uma carta, manda-se um mail. Se sou contra todas estas novas tecnologias? Não, claro que não, uso-as a todas e muito, e sou completamente favorável aos avanços, necessários a uma adequada evolução humana. Sou apenas contra o exagero, e julgo que muitas das vezes, o que falta a esta gente mais nova, é alguma orientação efectiva de quem hoje, também já se rendeu a este mundo pronto a comer. A conta, o peso e a medida. O meio termo, o equilíbrio. Palavras dificeis, bem sei, mas que com jeito ainda se conseguem dizer.

1 comentário:

  1. Muito bom, CF. Concordo inteiramente. E eu que trabalho diariamente com esses jovens vejo isso tudo claramente. Excelente, a parte final. Adorei. Bjinhos

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