sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Pós greve, já que ontem não me deu para aqui...

Não falei da greve ontem, muita gente o estava a fazer, dispensava-se a minha opinião, que de resto, nem sequer é entendida no assunto. Hoje, apraz-me falar, não propriamente sobre ela, mas o que fazer depois dela. Independentemente dos ideais políticos que me possam reger, respeito o direito às greves, a quem as quer fazer, a quem as julga úteis para mostrar, quanto mais não seja, revolta e indignação. Tudo certo até aqui. Posto isto, e ainda sem saber se alguns efeitos se vão fazer sentir, coisa que confesso, me parece pouco provável, faço, e enquanto cidadã Portuguesa, um apelo que a mim me parece muito mais importante do que um dia de paragem, pelas consequências que pode trazer. A cada um, individualmente e enquanto pessoas, pensem no que está ao vosso alcance para minorar a crise. Por certo que grandes medidas não nos serão possíveis, que essas, são para aqueles que, bons ou maus, em devido tempo elegemos. Mas as pequenas, as que pouco se vêm. Pegando numa banalidade que é por exemplo uma Empresa, e muito embora o suporte e a directriz seja sempre situada na entidade patronal, se o trabalhador não se empenhar, nunca se irão obter bons resultadas, e a lógica é essa mesma, como de resto, todas as lógicas do mundo, que são francas, absolutas. A minha consciência de cidadania, impulsiona-me a determinadas atitudes, gastos, contenções ou comportamentos, para os quais tenho em conta a situação actual do País. Julgaria prudente, que todos pensássemos um pouco nisso, que as pequenas mudanças, muitas das vezes, são a razão de sustentar outras maiores. Também aqui, seguindo a lógica, claro. Não trato aqui um pedido à acção, que cada um realiza o que bem entender, mas é no mínimo um pedido à reflexão, que por certo impulsionará qualquer mudança, em termos de consciência social. Aquelas coisas básicas, de trabalhar se tivermos onde, ao invés de recebermos um subsídio, de pagarmos as contribuições devidas, ao invés de fugirmos, de abdicarmos de subsídios descabidos (sim, também toca a esses senhores), se deles não carecemos, enfim, uma panóplia de cirscunstâncias que parecem básicas para o cidadão cumpridor, mas que são tantas vezes esquecidas, por aqueles que pensam neles e não em nós. Bem sei que a adopção destes comportamentos, que nos fazem situar dentro do âmbito dos patetas cumpridores, a sustentar o outro bando de oportunistas, não cai bem. A vontade, é aderir ao encosto. Talvez seja também por isso, que daqui a pouco, não há mesmo onde encostar. E o que me vem de imediato à mente, é qualquer coisa semelhante ao brilhante livro de José Saramago, Ensaio sobre a cegueira. A diferença, é que vimos, porque de resto, e no que toca ao caos, o cenário deve ser semelhante.

3 comentários:

  1. Ai tanto que há para pensar e reflectir! E mesmo assim, uma coisa é o que se reflecte e outra o que se sente. Eu sinto retrocesso e estou muito zangada com o facto de serem os mais pobres a pagar o que alguns roubaram descaradamente. Não consigo deixar de sentir que estou a ser enganada, ludibriada, com "verdades" construídas para isso mesmo. Não me apetece esta mansidão dos portugueses, este conformismo. Não me apetece :(

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  2. Excelente reflexão, da qual partilho. As pessoas demitem-se da sua consciência, cívica, moral etc e quando as coisas dão par o torto há que procurar culpados, Há-os mas tudo passa também por nós - produzir e mudar o mundo. Gostei muito.

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  3. Partilho em grande parte da sua opinião, mas não podemos comer e calar, sob pena de um destes dias acordarmos e sermos obrigados a perguntar: como é que nos deixámos arrastra até aqui?

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