As fontes do Martim Moniz são as que melhor alvitro, mas tenho por certo já vir de muito mais longe na linha recta do tempo. Dos poços e das poças, dos rios e dos ribeiros do agrião doce. Mas é concreta a memória da época em que me passeava nas fontes novas daquele largo, quando me apetecia ao exagero da vontade enfiar os pés na água e deixar-me estar, nem que para isso me arrefecesse o tutano dos ossos. Fujo quando isso acontece, claro. Banho-me sempre com cuidados redobrados nos nossos mares que arrepiam até os peixes, meto um pé de cada vez, tremelico o queixo e arrisco a cintura, raramente deixo cobrir os ombros. Atribuo portanto esta vertente a algum recalcamento que anseio consciencializar, não clareando o fenómeno que assim encaixo num mero gosto, sem debruces afincados ou demais explicações. Sei que não é verdade. Bastam-me cheias, por exemplo. Ponho os olhos aqui e quero rumar ao sítio onde poderei observar e sentir as correntezas que correm mais ou menos furiosas, não me importa sequer, gosto igualmente de águas paradas. Devo dizer que a cor escura me acanha. Aprecio essencialmente a limpidez que me permite olhar o chão que repousa em baixo. Gosto de perceber as rochas que a suportam. Preciso de sentir a areia que se enrola do lado de dentro do mar. Talvez esta minha explicação não sirva de coisa nenhuma para quem me lê. Talvez dê a perceber que muito embora esteja farta do Inverno, é a ele que pertenço até à eternidade de ser pessoa. Talvez explique a alguém o porquê das tempestades não me guardarem em casa e me chamarem para perto, perto demais.
(Sou ribatejana, é um facto. As fontes do Matim Moniz são um devaneio camponês com disfarce cosmopolita. Deixem-me, andem. Há delírios significativamente maiores.)
(Sou ribatejana, é um facto. As fontes do Matim Moniz são um devaneio camponês com disfarce cosmopolita. Deixem-me, andem. Há delírios significativamente maiores.)
Em boa verdade só te banhas toda em águas ferventes do caldeirão. De preferência com um diabinho a rodar as águas do caldo... :p
ResponderEliminarEm boa verdade, estás quase certo. Isto para não dizer que acertaste em cheio, coisa que convenhamos, seria admissão em demasia... :)
EliminarMas em boa verdade gosto mais de águas menos mornas, pois há arrepios que valem muitos vendavais. Aqueles de pôr os olhos em bico. :p
Eliminar:)) Calculo que sim. Devo pois informar-te, que com algum esforço entro em águas menos mornas com a rapidez suficiente... O pescoço, esse, quase sempre fica de fora. O que não me parece constituir qualquer tipo de problema.
EliminarMentira. Um cabelo montês molhado é qualquer coisa de interessante. Emerge escorrido de olhos fechados. Não sejas picuinhas, vá! :)
ResponderEliminarPicuinhas, eu? Hum, olha que não. :))) Ligeiramente friorenta, mas ainda assim atrevida o suficiente para dar cabo do frio num segundo. Duvidas?? :))
EliminarReservo-me ao direito de não me pronunciar... :P
Eliminar(Até já)
E fazes muito bem... :)
Eliminar(Até já)