sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Dos exageros

Parece que os garotos se emaranham nas tecnologias, os estudos surgem amiúde, todos a dizer a mesma coisa, que os meninos passam muito tempo em frente à TV, que a Internet é coisa para lhe roubar o tempo até ao limite do razoável, surgindo até, esse tempo, traduzido em horas diárias, que no estudo escutado hoje, corresponde exactamente a uma e meia. Não que não esteja atenta às conclusões dos que se debruçam sobre estas realidades, dramas que nos pegam nos mais novos membros do mundo, e os enfeitiçam em fantasias, muitas das vezes perigosas, que eles chegam a julgar reais. Mas não consigo nunca deixar de pensar, que o bom senso, aqui e em tanto, nos falta cada vez mais. É uma consequência da (des)evolução. E que esta permanência exacerbada da miudagem, em frente a ecrãs que substituem gente, mais não é do que uma sobrevivência, uma consequência dos tempos em que se vive, onde os pais preferem o som do silêncio da casa, apenas perturbado por um tiro em caso de jogo, do que uns fedelhos que berram e cercam pernas, no fim de um dia alucinante de trabalho. As culpas, andas perdidas. O exagero, é palavra de ordem nos dias que correm, e temo, honestamente, que nem hajam verdadeiras soluções. Não pertenço aquele grupo de pessoas que julga prudente sentar a ver o mundo colapsar. Estou, obviamente ciente dos perigos a que estes e outros exageros nos sujeitam, e luto com eles, diariamente, conforme posso. Mas não consigo deixar de achar estes números meras conclusões, que todos já sabemos, com as quais todos lidamos, e para as quais todos, nem que seja só de quando em vez, fechamos os olhos. Mais ou menos como fechamos aos números do cancro da pele, conseguido, muitas das vezes, pela exposição solar, que também nos dá um tom bronzeado. Os miúdos vêm muita net, os adultos correm, fumam e stressam, os velhos estão ao abandono, as avessas, andam aí. E nos entretantos, vimos e catalogamos.

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