sexta-feira, 29 de abril de 2011

Azinheiras







Lá fora as azinheiras atropelam-se umas nas outras, nem bem se percebe a quem pertence o bocado do ar onde crescem, que nascem seguidinhas, em ordem e cientes do seu lugar, para depois se açambarcarem nuns ramos compridos e usurpadores de espaço, originadores de enfeixamentos sem fim, que se vêm ao de longe, num convívio ameno e próximo, e em perfeita sintonia. As folhas, muito secas e pequeninas, alternam entre uma cor verde mimosa, com uns tons mais a dar para o intermédio, para acabarem naquele amarelo seco, de quem vive em busca de uma água que pouco chega, e debaixo de um sol intenso e agreste. Por vezes têm dias destes, uma delicia, que conseguem beber umas pingas da chuva tímida, enquanto o sol lhes vai dourando as entranhas, devagarinho e sem forças demasiadas. Não que este as não tenha, nada disso. Deixa-as porém no descanso, apenas e só, mas capazes de acordar em prontidão, sob um qualquer chamamento divino. Chegam a temê-lo. Nos meses de maior calor, de ora em diante portanto, têm dias penosos e longos, que começam muito cedo e acabam muito tarde, quase não permitindo à noite inunda-las de frescor, motivo mais do que suficiente para iniciarem o dia já murchas e secas, pobres delas.
Por ali, e no meio de um feno alto e ressequido, as vacas malhadas pastam um pasto sem cor e sem cheiro, muito pouco dado a viços, enquanto se acolhem a preceito por debaixo daqueles árvores majestosas.


Na passagem, vejo tudo aquilo. Por momentos, sinto uma vontade estranha de me albergar também por ali, que as julgo poderosas, dada a grandiosidade com que se impõem, numa capa construída por mantos amalgamados, guardadores da chuva e do sol, compostos por milhões de folhas coloridas e espigosas. Apesar disso, segui.

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