Pudesse eu ter escolhido em consciência, e teria nascido noutra época. Nem bem sei qual, nem me importa, julgo até, que qualquer uma outra servia. Talvez tivesse também nascido um pouco mais ao lado, embora mantendo os diversos intervenientes no processo. Nem sou de me subjugar a desígnios externos, como se o meu livre arbítrio fosse uma ninharia de nada, e de nada mesmo me valesse. Ainda me apraz, quanto mais não seja ao inconsciente ilusório, julgar que em minhas mãos detenho a força da qual necessito para me impelir, e que o fado é uma coisa melancólica que se canta a gosto por vozes penosas, que a ele se dedicam numa tristeza sem fim.
Ainda assim, e numa pequena análise diária, na qual me obrigo a entrar por ausência de escape, sou de imediato perseguida por uma sensação de alguma dependência conjuntural, que de todo me desagrada. Mas poderei, dirão por certo vocês, ainda assim, produzir mudança. Poderei, claro, mas com um gasto de energia considerável, e com uma dose de risco quase incalculável. Nestes caminhos que por ora trilho, nem me agradam riscos desmedidos, julgando-os até, se os cometesse, reflexo sério de alguma imprudência que por descuro meu, me tivesse atingido, coisa pouco própria à minha pessoa. Minha avó dizia em tempos que estávamos em crise, a pobre, que já não viveu para realmente vê-la. Viu outras, dentro e fora de si.
Será por certo, daqui a alguns anos, um privilégio figurarmos nos livros de história, numa época de carência severa, bem resolvida, ou quiçá mal. Ainda assim, preferia a discrição da normalidade.
da normalidade que eu não faço ideia em que época é que nos visitou. Olha que quando a tua avó falava de crise, era crise...ele é crise há séculos neste canto à beira-mar! séculos! talvez por isso estejamos agora verdeiramente assustados, é que pior ainda?!!! quem é que aguenta?! Respirámos, o quê? 20? 30 anos?, se calhar nem tanto...e com dinheiro alheio! o pouco ar que respirámos neste país, não era nosso!! é caso para dizer: F***** com todas as letras! só não digo porque estou na tua casa, se não dizia :):)
ResponderEliminarUm prémio para ser reclamado no meu blogue!
ResponderEliminarUm abraço!
Subscrevo. Outra época, sem dúvida. Em alternativa, não podendo mudar de época, noutro lugar. Em segunda alternativa, não podendo mudar de época nem de lugar, sem políticos, partidos políticos, e essa tralha toda que vem com eles :)
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