terça-feira, 3 de agosto de 2010

Casamentos



Assim de repente, apetece-me falar disto. Porque já gosto da onda da paixonite, porque leio nas Antagoníces o Amor, no Público os vestidos de noiva, e é verão, está calor e ainda há gente que casa, um bem haja a ela. No dia do meu a coisa foi gira que se farta. O vestido era monumental, e se me casasse agora, conseguiria casar-me com ele de novo, que me parece assim qualquer coisa de intemporal. Foi escolhido a dedo, e tinha tudo a ver comigo. As teorias dos casamentos em desuso, só porque existem divórcios, de facto não me parecem muito bem. Cheira-me aquelas conversas da treta, em que não se deve fazer o que se vai desmanchar em seguida, como a cama, e essas coisas. Ora eu não partilho nada com essas boas práticas, pelo menos no que toca às emoções, do certinho e direitinho e do vamos lá poupar tempo, dinheiro e assim, e então há que não fazer, para depois não desmanchar. Mas há lá coisa mais linda que um casamento, quando duas pessoas se amam? Haverá no mundo dia mais feliz (superado apenas por nascimentos de rebentos), do que aquele em que dizemos sim, olhos nos olhos, mão na mão, de sorriso parvo e de crença perfeita naquele sentimento intimo e fulminante, que nos sustenta no ar com se de algodão fossemos feitos? Existirá maior satisfação para a vida de uma Mulher, do que receber no dedo a aliança que diz que sim, que já casamos e que a partir de agora temos marido? É pá, não há. Perdoem-me lá quem se ache da era do moderno, do ajuntamento, que me teria sido benéfico, claro que sim, na altura do apartheid, que me levou uns bons trocos para ficar consumado, é um facto. Mas ainda assim, e apesar da chatice do divórcio, de ter div escrito no BI (vale-me para o futuro o cartão de cidadão), e de ter ficado com sogra, sogro, cunhados e outros apêndices, foi um dia lindo, inigualável e inundado de um amor e de uma paixão enorme. Naquele dia, naquela data. Fui tão feliz ali. Quanto ao vestido, está num armário perdido. Não tenho filhas a quem o deixar, mas isso também não importa nada. Importa-me sim, o dia que passei com ele no corpo. Não foi para sempre, é certo. Mas na altura, eu nem sabia disso.


3 comentários:

  1. Talvez que por ter passado por muitos casamentos, na qualidade de músico, observei lados menos bons do "dia especial". Fiquei céptico, quanto ao ritual. No entanto a todos é lícito pensar que o o seu dia é especial, por mais igual que seja aos dos outros. E de facto é único para quem o vive, e acima de tudo, vida fora.

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  2. Concordo...só tenho pena de não ter tido ainda essa felicidade. Estou sempre a dizer ao N. "quero casar na Igreja de vestido branco" e lá se vão passando os meses e os anos e nada...mas ainda não perdi a esperança!
    ;)

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  3. Pois eu já passei por dois e nunca vesti um vestido de noiva :( Modernices...e tenho pena. Ó se tenho!

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