quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Estabilidades

Nem bem percebe o que se passa consigo. Anda fraco, mortiço. Nunca se lembra de tal coisa, nem em tempos idos, recheados de coisa ruim, que se há vidas que por cá andam, detentoras de mágoa e agrura, a sua, poderá constar no cabeço da lista, se não em primeiro, segundo ou terceiro, pelo menos num posto imediatamente a seguir, disso, não tem qualquer dúvida. A cabeça porém sempre se ergueu. Numa coragem vinda de dentro e vinda de fora, que o seu intelecto, é suficientemente grande para perceber, que a estrutura adquirida não provem só da sua autoria, para também advir, de quem com tanto sacrifício o educou. Por isso, nem nunca ousa valorizar-se, seja em que coisa for, realçando aqui que tal valorização nem constitui hábito seu, sem a ela anexar o esforço, de quem assim o construiu. Um bem haja a ele, tenho de aqui deixar.
Por isso estranha. Estranha as noites em claro, recheadas a livros, que por muito que aprecie, já dispensava, que chega a haver alturas, em que as letras se confundem entre si, numa amálgama quase indecifrável, tal é o sono que lhe assalta a vista. De nada lhe vale o sossego que tenta depois. Num ápice, e mal a luz se desliga, os olhos reabrem e a mente desperta, quase parece, que alguma força suprema da qual desconhece a origem, resolveu em si baixar, causando-lhe este estado de confusão estranho e incontrolável, estado esse, até hoje desconhecido.
Foi muito, acaba a dizer-me. Desde a morte do pai, à doença da mãe, ao nascimento do filho, entre outras coisas, de menor carga, mais ainda assim, de carácter forte. Todas elas, detentoras de força suficiente para lhe sugar a energia, sumida que só visto, que por ora procura, temente que seja em vão.
Chega a dizer-me, já no fim das palavras, e numa clareza de ideias difícil de encontrar, que o que mais pede agora é calma, sem emoções fortes, sejam elas boas, sejam elas más, que nenhuma delas, parece conseguir aguentar. Aguenta a estabilidade, apenas e só.
Nem sei a que veio. Sabe tão bem o que lhe vai dentro, como poucos que tenho visto. À parte da história, encantam-me mentes assim.

1 comentário:

  1. :):):) Provavelmente foi porque não consegue dormir...acho que é o extremo do desassossego, deixar de dormir. Há alturas em que grande parte do meu esforço se vira para aí, ser capaz de dormir :):):)

    Beijinhos

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