domingo, 23 de outubro de 2011

Ide, sim?

Pela cidade passeiam-se por ora uma série de jovens, magros e enfiados, ainda muito novos. Chegou a hora de saírem de suas casas, e enveredarem por um ensino mais técnico, longe dos olhos do pais. Manda a tradição, um pouco manienta, a julgar-se grande, mas ainda muito prematura, que ponham um penico colorido na cabeça, e um avental branco a tapar-lhes as vestes largas, normalmente compostas de t-shirt e calças de treino. Precisam de permanecer assim até Janeiro, ou algo do género, não sei bem. Sei só que é muito. Durante os dias, encontro-os amiúde por aí. Contam pedras na calçada, dançam para que chova, cantam nas madrugadas frias do Outono. Sobem-me as escadas do prédio, mesmo para a porta do lado. Alguns e algumas, que sorriem, correm, gritam. Trazem-me memórias as pestes. Não percebo, nem nunca percebi muito bem, o rancor que encontro em alguns olhares que os miram. Já em tempos vislumbrei este sentimento, em olhos bem próximos, que não gostavam de ver sorrir. Quase parece, que por a vida se tornar pesada, com os anos, as agruras, as desgraças, estas se deviam estender a toda a gente, a fim de que não houvesse permissão para tantas alegrias. Chego a julgar, que de tanto azedume, e a terem poder de mudança, escolheriam o mal ao invés do bem. Apre. Vão de retro, pode ser?

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