quarta-feira, 11 de julho de 2012

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Percebi pelo que já li hoje em vários blogs que muita gente viu ontem a reportagem sobre a Leonor e a mãe da Leonor. Estendo a outros âmbitos. A doença ou diferença suficientemente limitativa terá sempre um efeito semelhante na vida da mãe, seja ela raríssima ou não. Houve tempos em que eu arriscava pensar, inundada de uma ignorância imperdoável, que imaginava o que seria passar por uma situação de carácter assim tão dramático. Não imagino. Não posso imaginar. Não consigo conceber o que é o desejo, ainda que trémulo e dúbio, de desejar que um filho parta para lhe acabar com o sofrimento. Já senti isso com muitas pessoas. Já me encostei a velhos e novos para que partam mais tranquilos, desejando que a morte os leve depressa e lhes permita a libertação (?). Mas isso são outras pessoas. Um filho é um filho, e o simples facto de ter de sentir no corpo essa vontade, deverá por certo constituir uma dor imensurável e impossível de viver por quem nunca a precisou de sentir. São situações limite e de uma delicadeza extrema, que deveriam obviamente ser acautelada pela sociedade. Uma Mulher quando é mãe é acima de tudo mãe. Mas nunca deveria ser obrigada a deixar de ser tudo o resto, como se a sua vida fosse deixada a repousar até ao dia em que poderá, eventualmente, e num estranho golpe inundado de sorte e de azar, ser vivida outra vez porque o filho partiu. Exige-se uma maior cautela com estas mães que quase deixam de ser pessoas para se tornarem numa forma de suporte de vida da qual depende o seu bem mais precioso. Existem muitas formas de aligeirar e apoiar. Assim o nosso sistema social avance nesse e em outros sentidos tão carentes de intervenção urgente, que preencha minimamente as falhas da própria vida.

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