terça-feira, 28 de agosto de 2012

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Gosto muito de quando me chegam ao serviço oito pessoas para realizar uma tarefa para a qual duas chegavam. Ao mesmo tempo em que se atafulham alunos a mais nas salas de aula ao encargo de um  único professor, que deve formar os nossos adultos do futuro seja lá de que forma for, mas de preferência com avaliação de desempenho de Bom, o que é sempre bom para o sistema. Não importam as gentes, as consciências, o tempo de reflexão e de aprendizagem à séria, importam os números e a quantificação. Também gosto muito de ir à Câmara Municipal pagar a água e ter duas senhoras a tratar do processo. Parece difícil, mas eu explico. Uma procura a conta, a outra recebe o dinheiro, e voltemos então à primeira para emissão do respectivo recibo. Enquanto isso encontro hospitais com enfermeiros que não almoçam porque não têm tempo, e que limpam os doentes com o lençol de cima porque não têm toalhas. 
A vida é toda ela uma questão de coerência, de contrabalanço, de harmonia. Começa em nós, estende-se à casa, à família, a tudo o resto. Pedir harmonia é sempre um pedido delicado, é muito mais fácil a desarmonia, e isto também nas mais variadas vertentes. Mas tem custos, a curto, médio, e especialmente a longo prazo. E estaremos nós aptos para suportá-los? Transformaremos o País em que género de realidade? Que acontecerá quando as prioridades estiverem todas invertidas e os números tomarem conta de nós, enquanto a nossa intelectualidade, saúde e qualidade de vida, entre outras, tiverem sido comidas pelo sistema?

( Se souberem, podem guardar para vós. Tenho este hábito pateta de colocar questões para as quais não me apetece nada arriscar ou ouvir respostas.)

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