sexta-feira, 3 de julho de 2009

Das famílias...


Pertenço a uma família pequena, desligada, sem nexo ( Excluindo a nuclear, e pouco mais)... Por variadíssimas vezes, dou por mim a pensar nas vantagens das famílias numerosas. Daquelas com muitos primos e primas, tios e tias, que passam férias todos juntos, que transbordam felicidade pelos poros ( sim, eu sei que é aparência), e parecem não sofrer da praga actual que constitui a solidão.

Acho que era este meu desejo de gente, que me fazia devorar, em tempos de adolescente aquelas novelas brasileiras, onde as famílias eram efectivamente grandes, e onde residiam todos juntos, na mesma casa, várias gerações...

Pode parecer uma visão patética, principalmente quando encaixada nos dias de hoje. E obviamente que a partilha de espaços entre gerações, é completamente despropositada à realidade dos nossos dias.
De qualquer forma, não deixa de ser verdade, que por vezes me falta gente. Assim, gente próxima. É verdade que tenho aquilo que chamo de família escolhida, que são os meus amigos. Mas acho que uma não substitui a outra, e custa-me encarar que, relações de sangue, se considerem hoje quase supérfulas. Se virmos, ok, se não virmos tá-se bem na mesma. Se analisar, rápido concluo, que dificilmente passo mais de uma semana ou duas sem saber notícias dos meus amigos. Já de alguns familiares ( próximos volto a frisar), passam meses...
Julgo que atravessamos um estádio de desligamento total, que toca o ridículo, tal o exagero de desprendimento ( falo da minha, obviamente. Existirão de certo as outras; e possivelmente a ligação nem terá a ver com o número de elementos. Eu é que nos meus devaneios chego a achar que sim)...
Pela minha parte, julgo ter feito esforços na direcção das pessoas, tentando impedir que se chegasse onde se chegou. Não no sentido de correr atrás, pois recuso-me a fazê-lo, seja em que âmbito da minha vida for, mas no sentido de manter contactos, tentar encontros, férias. Até que, sinceramente, comecei a achar que era esforço inglório. Hoje, tenho familiares, daqueles bastante próximos, que vejo no Natal, na Páscoa, e pouco mais; e com os quais existe um contacto telefónico raríssimo, que acontece simplesmente quando algum faz anos. Acho que alguns deles, nem sabem que o meu filho tem 6 anos e vai para a Escola em Setembro. Talvez se lembrem onde moro, mas não garanto... Não sabem, isso é garantido, para onde vou de férias, ou se vou, ou se pelo contrário vou ficar perdida a trabalhar, num sítio que não sabem muito bem qual é...
Modernices, é o que é... Já dizia a minha querida avó...

1 comentário:

  1. Se te servir de consolo, não estás sozinha :(
    O espírito de laços de sangue que existia outrora tende a desaparecer. Parece que a vida moderna não se compadece com essas coisas.

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