domingo, 29 de agosto de 2010

Caminhos


Amanhã volto ao trabalho, nem sei se me apetece se não. Num ano que se antevê de mudança, fico sempre com umas borboletas na barriga que me acompanham desde sempre, e que confesso, julguei que me passariam com a idade. Não passou, nem isso, nem outras coisas que me perseguem há muito, algumas até mais banais, como o facto de gostar de pastilhas gorila e de chapéus de chocolate Regina. O mix feelings surge sem que me apeteça muito, alojando em mim sensações antagónicas, do querer seguir, mas com algum receio das consequências. Bem sei que o incerto nos acompanha de perto, já quando nascemos, ninguém sabe o fado, o destino, ou a sorte, que se pode indiciar boa e mudar de rumo com uma rigidez fatídica, fossemos nós assim tão eficazes, e nada neste mundo poderia parar-nos, essa é que é essa.
Até simpatizo com ele, o incerto, o fado, e encaro-o de frente, assim como quem pega um toiro pelos cornos, num a mano a mano legítimo e frontal, sem artimanhas ou capinhas de retaguarda. Venha o que vier. A propósito, gosto de ver pegas de caras, transporta-me assim num ápice, para a coragem, para a valentia, para a supremacia do homem, que de força física reduzida, enfrenta a fera sozinho na arena, também aí, obviamente, de futuro incerto, e com considerável hipótese de perca, quem sabe até, do bem mais precioso.
As minhas apostas nem vão tão alto, nada disso, que tratam apenas caminhos a percorrer, objectivos a traçar, mas que ainda assim, e embora de riscos menores, levam a minha vida dependurada, e ela vale-me que se farta.
Às vezes, nestas paragens, sinto que mudo de caminhos vezes de mais. Aqui e ali, nisto e naquilo, como se cá dentro, apenas e só cá dentro, um ser nómada brota-se, um ser que não atina em terreno seguro, onde atraque e sossegue para sempre. Depois, levo mais longe o pensamento acerca de mim, e vejo-me como se de uma estranha raça tivesse emanado, e que até talvez, a segurança de um determinado porto, não me constituísse um sossego, mas sim um inquietamento. O inquietamento da estagnação, se é que isso existe.
E então continuamos assim. E eu que me avenha com as borboletas.

3 comentários:

  1. Às vezes pergunto-me, numa espécie de questão retórica, porque sei que não a consigo responder, se essa necessidade de não estagnação é defeito ou feitio...é que às vezes não calha nada bem...mas está cá, sempre, tal qual bichinho adormecido de sono leve...
    :)

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  2. Ao que parece não existe outra maneira de seguir em frente :):):)
    Boa rentré :)

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  3. Inquietamento da estagnação. I feel the same way.

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