segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Dias...

Existem dias que não deveriam nascer. E a não nascerem, dar-se-ia o fenómeno logo de madrugada, sendo que nos seria possível o salto para a manhã seguinte, exactamente antes da agrura do despertar, não havendo necessidade efectiva de nos sujeitarmos a ela, já que o objectivo seria a entrada de novo num sono profundo, que nos transportasse directamente ao dia seguinte, altura em que seria suposto acordar. Ou isso, ou ser-nos possível a nós, individualmente, tomarmos a decisão de querermos acordar ou não, baseados no que se avizinha, embora muitas das vezes, os prognósticos se encontrem longe da realidade, sendo que correríamos o risco de eliminar dias frutuosos, e de vivenciar outros infaustos, seria um perigo intransponível, que todos correríamos. Encaro esta possibilidade de escolha, dado que eliminar dias na sua totalidade, seria sempre um traçado tremendo, que enquanto uns por cá penam, outros por aí sorriem, é a lei da vida que assim seja, e não me parece nada justo, acabar com as alegrias de alguns, apenas e só porque as tristezas de outros se insurgem em força, até porque, seguindo essa linha de pensamento, não haveria dias para ninguém, que existiria sempre alguém algures no mundo, disposto a saltar o seu. E friso, que mesmo encarando a utopia do meu pensamento, não me apraz cometer injustiças, até porque, diga-se a bem da verdade, é devido a essa malfadada palavra que o meu dia hoje não deveria ter existido, deveria eu tê-lo galgado, entenda-se, e ter-me-ia poupado convenientemente.
Não obstante, e deambulando intrinsecamente, não deixo de pensar que todo e qualquer pormenor que nos assalta a existência, toda e qualquer ocorrência que nos suceda no tempo e no real espaço do decorrer da nossa vida, traz de acarto algo que nos ensina, que poderá até ser um algo disfarçado, despercebido, tímido ou imperceptível, mas que a olharmos de perto, e esquecendo o que nos possa ter perturbado, lá se encontra, disso, não tenho qualquer sombra de dúvida. Porque se há coisa que nos é constante, é o crescimento, que se constrói e fomenta nos caminhos que percorremos, bons e menos bons, rectos ou curvos, ambicionados ou temidos, dos quais não nos é possível fugir, quer queiramos, quer não queiramos, quer estejamos cansados, quer não estejamos. A imprevisibilidade do Homem, foi-me hoje de novo demonstrada, pela milionésima vez, sendo que vos confesso, ainda nem bem percebi, o porquê de me esquecer de tamanha verdade, dado que eu própria, embora em contextos inofensivos, tanto me surpreendo.

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