quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Vontades

E eis que almejamos algo. Com muita força, muita intensidade, e a certeza quase absoluta, para não dizer absoluta de todo, de que é exactamente aquilo que queremos para nós. Baseados amiúde em nada de concreto, que estes desejos exacerbados, surgem muitas das vezes alienados por algo, que nem bem sabemos o que é, motivo pelo qual, tanto desejamos. Este fenómeno poderá transportar-nos a diversas situações, sendo que destaco algumas, por me parecerem as mais plausíveis, existindo obviamente para além destas, as intermédias. A chegada lá, e a verificação efectiva do fascínio, será uma. A não chegada, e, consequentemente, a constante busca, estado perturbador este, que dada a voracidade do desejo, quase que nos fica vedado o acesso a outras realidades, que poderiam até, quiçá, ser tão ou mais satisfatórias do que a inicialmente ambicionada, mas às quais não nos dispomos, porque nos encontramos em estado de fixação. E, por último, o modo de quem atinge, mas onde afinal, o sentimento que se sente, nos deixa num morno esquisito, numa satisfação existente, mas fraca, quase imperceptível. Lembro-me, por exemplo, da minha primeira Barbie, chorada por mim anos a fio, em vão. Foi-me dada pelo meu avô paterno, cansado dos meus choros perdidos, pelo que tardiamente me comprou uma, numa altura em que eu a queria, já apenas porque sim. Julgo que nem gostei dela. Ela, era a mesma de sempre, eu, é que já estava cansada de querê-la.

2 comentários:

  1. Dizem, os mais experientes, que tomemos cuidado com aquilo que desejamos, pois pode acontecer... Se formos pensar bem, é assim mesmo. Às vezes uma coisa que desejamos muito, mas muito mesmo, não é a melhor para nós...
    Veio a calhar esse post. Tenho pensando tanto nisso ultimamente.

    Beijos

    Carla

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  2. É um bocadinho como a hora de comer. Se a deixamos passar, depois já não temos aquel apetite :)

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