quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Individualidades

Chega, de andar trôpego e arrastado, quase parecendo, que a cada passo que dá, acarta o fardo de toda a sua existência, fardo pesado, sem dúvida, que quis Deus, ou qualquer outro criador que por cá mande nos desígnios terrenos, que nascesse de juízo fraco, o suficiente para não se conseguir sustentar, orientar e caminhar por sua autoria, tenho para mim, ser esta uma das grandes tristezas, de alguma existência humana. Quando de nós dependemos, quando a nós nos governamos, ainda que em sociedade, valemos-nos do nosso arbítrio, sendo que o que nos aprouver é o que realizamos, sem contas a segundos, terceiros ou quartos, ou se as damos, damo-las porque assim o entendemos, e não porque assim o devemos. Ele não sabe o que isso é, que desde a nascença que se encontra aos caídos, ora daqui, ora dali, ora de lado nenhum, e esse, esse sim, foi o mais grave período de sua existência, ocorrido aquando da doença de sua mãe, tendo ele ficado quase sozinho, à mercê de um padrasto alcoólico, que o via como um estorvo, e não como alguém, que dele muito necessitava. Nem o condeno, que também ele, ainda hoje, precisa de quem o cuide.
Talvez pela ausência de poiso e de beira, para ele, tudo vale ouro, ou até, quiçá, algo ainda mais precioso, e esse tudo, pode ser verdadeiramente quase nada, que vai desde uma caneta, a um calendário, um chapéu, ou qualquer outra coisa, que ele guarde junto a si, já que pouco mais tem. Vale-lhe também qualquer carinho, sobre os quais detecto, aos olhos de muitos que se dizem bons, um ar de reprovação, como se um afago dado a quem dele precisa, fosse um acto repugnante.
O nojo, é um sentimento individual, sendo que varia de objecto. Fico feliz que assim seja. Eu, por exemplo, tenho nojo de hipocrisia.

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